Fuja da crise política e busque uma oportunidade de vida melhor. Estas são algumas das razões apresentadas pelos venezuelanos para virem ao Brasil. Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), 585.361 venezuelanos se estabeleceram no país nos últimos oito anos. Um dos destinos mais procurados tem sido Santa Catarina.
É o caso de Leydy Barillas, de 32 anos. Ela chegou ao Brasil em 2019, acompanhada do marido e do filho de dois anos. Deixando parte da família para trás, instalou-se primeiro em Rorainópolis, em Roraima.
Porém, as oportunidades de emprego não eram boas e a família passava por dificuldades financeiras. Então, decidiram se mudar para Florianópolis, apenas três meses após chegarem ao país.
Na capital catarinense, Leydy recebeu apoio da comunidade local, no bairro Carianos, sul da ilha, com a doação de dinheiro e alimentos nos primeiros dias de estadia.
Aos poucos as coisas foram melhorando e o casal conseguiu empregos: o marido como ajudante de pedreiro e ela como diarista. Hoje, cinco anos depois de chegar ao Brasil, Leydy abriu sua própria empresa. A Diaristas em Floripa é uma rede de 12 pessoas, focada em serviços de limpeza em residências e estabelecimentos.
“Hoje me considero uma pessoa realizada. Houve momentos em que fiquei deprimido, mas foram necessários para que eu me sentisse como me sinto hoje. Costumo dizer que só peço a Deus saúde, para que eu possa ter trabalho, força e dedicação. Superação, essa é a palavra que eu me descreveria”, afirma.
Leydy é um dos 30.209 venezuelanos que migraram para Santa Catarina nos últimos seis anos, segundo dados do OH MEU DEUS (Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome).
Desde 2018, o MDS trabalha com estratégias de apoio à integração socioeconómica de refugiados e migrantes da Venezuela através de Operação Bem-vindo. A iniciativa foi uma resposta ao fluxo intensificado de venezuelanos a partir de 2017 com a crise no país.
No período de atuação da iniciativa, 135.668 venezuelanos já foram internalizados no Brasil. No entanto, este número representa apenas os imigrantes e refugiados que passam pelos abrigos e serviços da Operação.
De acordo com dados de Organização Internacional para as Migrações (OIM), 585.361 venezuelanos se estabeleceram no país entre janeiro de 2017 e maio de 2024.
Santa Catarina tem sido o destino preferido
Os 30.209 estabelecidos em Santa Catarina por meio da Operação Acolhida colocam o Estado como o destino mais procurado por imigrantes e refugiados. Só em 2023, 8.265 pessoas passaram por ações governamentais.
A cidade com maior número de internados é Chapecó, com 5.683 internados. Joinville está em segundo lugar, com 2.832, e Florianópolis ocupa a terceira posição, com 1.398.
Na Capital, as ações da prefeitura dependem de cada situação. “As ações para pessoas em situação de vulnerabilidade envolvem acolhimento, alimentação e benefícios temporários, como transporte para outras cidades, por exemplo”, afirma a Secretaria de Assistência Social de Florianópolis.
Nos casos de moradores de rua, a ação desenvolvida é a Passarela da Cidadania, que disponibiliza serviços de higiene pessoal, alimentação, espaços para guardar pertences e higienizar roupas.
Crise política motiva venezuelanos a migrar
A crise política foi o que trouxe Germán Rodríguez, de 25 anos, ao Brasil. O imigrante veio com a irmã para Campo Grande (MS), em 2018. “Tínhamos uma vida boa lá [na Venezuela], mas a crise tirou tudo e começamos a ter dificuldades. Quando cheguei aqui, trouxe apenas duas calças e três camisas. Foi o que eu tive”, revela ela.
Há seis meses, Gérman mudou-se para Florianópolis para finalizar sua formação como seminarista na Igreja. “Tem sido uma experiência boa, a cidade tem sido muito acolhedora e receptiva”, afirma.
Ele e a irmã conseguiram juntar dinheiro para trazer para o Brasil os pais, que moram em Campo Grande há três anos e meio. “Hoje, não temos ideia de voltar atrás. Meus pais até pensaram em voltar dependendo do resultado das eleições, mas do jeito que está não será possível”, explica.
No último domingo (28), Nicolás Maduro foi reeleito para o terceiro mandato. O resultado eleitoral foi altamente contestado pelos líderes da oposição e levou milhares de pessoas às ruas da Venezuela, em protestos alegando fraude eleitoral.
Além dos movimentos no país, também foram realizadas manifestações em diversas cidades brasileiras com a presença de imigrantes venezuelanos. Em Florianópolis, eles se reuniram para protestar contra a eleição na Ponte Hercílio Luz.
Merlina Ferreira, que participou da mobilização, relata que as manifestações foram protagonizadas pelo próprio povo. “São movimentos independentes de González [opositor de Maduro]. Eles são espontâneos”, diz ela.
A imigrante veio para o Brasil em 2016, chegando em Roraima, estado que faz fronteira com seu país de origem. O principal motivo foi o nascimento do segundo filho. “A falta de remédios quase me fez morrer no hospital”, lembra ela.
Embora ela se formasse em psicologia e o marido em direito, as condições de vida na Venezuela não eram boas. Segundo ela, quando cruzaram a fronteira, quando converteram o dinheiro, só tinham R$ 50. “Isso é o que tínhamos. Viemos com R$ 50 e dois filhos para criar”, conta Merlina.
Em busca de mais oportunidades, o próximo destino foi Florianópolis. Na capital catarinense, Merlina atua como psicóloga com ênfase em migração, e o marido como advogado.
“Ele se sente feliz em trabalhar no Brasil exercendo sua profissão, porque aqui isso é realmente possível: ter direitos e defendê-los. Foi algo que ele não conseguiu lá, pois a lei não foi respeitada”, declara.
Ela ainda quer voltar ao seu país, mas a situação é complexa. “Claro que gostaria de voltar com tudo que aprendi aqui, mas não é fácil. Meus filhos estão crescendo aqui, tendo contato com a cultura daqui. E tem o contexto político que também afeta”, afirma.
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