O ministro Luís Felipe Salomão, corregedor nacional de Justiça, exonerou os juízes Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, nesta quinta-feira, 1º, por suspeita de envolvimento em esquema de venda de penas. Os magistrados também são investigados por supostamente atuarem em processos patrocinados por um advogado – assassinado no ano passado – com quem mantinham uma “íntima amizade”, recebendo presentes e propinas em vez de se declararem incapazes de julgar os casos.
O relatório do Estadão pediu manifestação dos desembargadores do TJ de Mato Grosso. O espaço está aberto.
Salomão também determinou a abertura de reclamações disciplinares sobre a conduta atribuída aos magistrados. O ministro quebrou o sigilo bancário e fiscal dos desembargadores e servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, abrangendo os últimos cinco anos.
O magistrado consultou o presidente do CNJ, ministro Luís Roberto Barroso, sobre as remoções, que foram determinadas “considerando a premente necessidade de prevenir situações futuras caso os juízes permaneçam na jurisdição, com condutas reiteradas”.
Ao ordenar a investigação dos juízes, Salomão destacou indícios de que os juízes mantinham uma “amizade íntima” com o advogado Roberto Zampieri, falecido.
A relação impediria que magistrados atuassem em processos patrocinados por Zampieri. Porém, de acordo com as investigações preliminares, Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho receberam propina e presentes para julgar recursos, segundo o advogado.
“As investigações apontam um cenário de graves falhas funcionais e indícios de recebimento de vantagens indevidas”, indicou Salomão em despacho assinado nesta quinta-feira, 1.
Os magistrados têm 15 dias para apresentar defesa antes da eventual abertura de Processo Administrativo Disciplinar.
O ministro observou ainda que as investigações apontam para a “existência de esquema organizado de venda de decisões judiciais, seja em processos patrocinados formalmente por Zampieri, seja em processos em que o advogado não atuou com instrumento constituído, mas apenas como espécie de lobista do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso”.
Roberto Zampieri foi assassinado em dezembro do ano passado, aos 59 anos, em frente ao seu escritório em Cuiabá.
Segundo o Ministério Público de Mato Grosso, que investiga o caso, o crime pode estar relacionado a decisões da Justiça Estadual.
Em maio passado, a Inspetoria Nacional de Justiça já havia determinado o compartilhamento de provas apreendidas pela Polícia Civil de Mato Grosso, especialmente o conteúdo extraído do celular do advogado.
COM A PALAVRA, OS JUÍZES
Ó Estadão solicitou manifestação dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, por meio do auxílio do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o que não ocorreu até a publicação deste texto. O espaço permanece aberto. (pepita.ortega@estadao.com)
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