O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, pela primeira vez nesta terça-feira, o impasse nas eleições presidenciais na Venezuela, realizadas no domingo. Lula disse que, para “resolver a briga”, as autoridades locais deverão apresentar os registros das votações.
Lula falou em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso.
“É normal que haja briga. Como você resolve essa briga? Apresente a ata. Se a ata contiver dúvidas entre a oposição e a situação, a oposição entra com recurso e vai aguardar na Justiça o processo. E haverá será uma decisão que temos que cumprir”, disse o presidente.
Lula classificou as eleições no país como um “processo normal”:
“Estou convencido de que é um processo normal e tranquilo, o que é necessário é que as pessoas que não concordam tenham o direito de provar que não concordam e que o governo tenha o direito de provar que está certo”.
O presidente brasileiro continuou a normalizar a situação no país vizinho.
“A Justiça Eleitoral reconheceu Maduro como vitorioso, e a oposição ainda não. Então, há um processo. Vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial, mas não há nada de anormal”, disse Lula.
“Não há nada de grave, não há nada de assustador. Tem eleição, tem uma pessoa que disse que tinha 41%, teve outra pessoa que disse que tinha 50%, ele vai a tribunal e o tribunal faz isso”
As atas são os dados desagregados por tabela de votação. O Itamaraty considera este um “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado eleitoral”.
Nesta segunda-feira, o Itamaraty instruiu a embaixadora do Brasil na Venezuela, Gilvânia Maria de Oliveira, a não comparecer à proclamação da vitória de Nicolás Maduro. A instrução foi dada pelo chanceler Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores.
O assessor especial Celso Amorim retornou ao Brasil nesta terça-feira. Ele acompanhou as eleições no fim de semana.
Amorim foi enviado por Lula a Caracas para acompanhar a eleição. O assessor especial do presidente disse ao GLOBO que a falta de transparência “incomoda” e que aguardava os “dados necessários” para comentar o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que indicava a vitória de Nicolás Maduro.
Amorim retorna ao Brasil nesta terça-feira e o encontro com Lula está previsto para amanhã.
No comunicado, o Itamaraty citou “o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”. O órgão brasileiro disse que aguarda a publicação pela CNE dos ‘dados desagregados por tabela de votação, um passo essencial para a transparência, credibilidade e legitimidade dos resultados eleitorais’.
O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, expressou a sua “séria preocupação” pelo facto de o resultado eleitoral anunciado na Venezuela não refletir a vontade do povo. Pouco antes, Blinken tinha apelado a uma recontagem “justa e transparente” dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela.
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