O juiz Marcelo Carlin, do 2º Juizado Especial Cível de Santa Catarina, negou pedido da deputada Júlia Zanatta (PL) e julgou improcedente ação indenizatória contra o jornalista Guga Noblat que a chamou de ‘Barbie fascista’ nas redes sociais, após o parlamentar publicar uma foto segurando uma metralhadora fazendo referência ao presidente Lula.
Ó Estadão pediu a Zanatta uma demonstração. O espaço está aberto.
A juíza destaca que a mensagem de Zanatta, publicada em março de 2023, “foi violenta, consequentemente ela não pode esperar palavras doces nas críticas da imprensa ou de adversários políticos”.
Para Carlin, as publicações do jornalista “não ultrapassaram os limites da liberdade de expressão, principalmente porque ele não publicou fake news, mas sim, realizou severas críticas políticas dirigidas à deputada, sem utilizar as orientações, interesses e atributos dela”. vida privada” .
Em despacho assinado nesta quinta-feira, 25, o juiz observa que o termo ‘Barbie Facista’ é um meme surgido durante as eleições de 2018, utilizado para “satirizar e criticar determinados comportamentos e discursos de eleitores que, apesar de se considerarem inclusivos, reproduziram discursos racistas e preconceituosos”.
“O meme associa a Barbie, boneca tradicionalmente associada a um padrão de beleza e comportamento, destacando a hipocrisia e a contradição em algumas atitudes”, indica o juiz.
Marcelo Carlin observa que, como parlamentar, Zanatta é alvo de intensas críticas. Ele não viu violação dos direitos de personalidade do deputado bolsonarista.
Júlia Zanatta pediu a condenação de Guga Noblat ao pagamento de R$ 20 mil por danos morais pela publicação em que o jornalista escreveu: “Nossa, a Barbie fascista virou deputada federal e já está fazendo besteira”. O comentário foi feito após a parlamentar publicar uma foto em que está armada e cita o presidente Lula.
Para o juiz, é claro que a publicação de Zanatta pode ser interpretada como incentivo à violência. “A comunicação inicialmente realizada pelo autor foi violenta, permitindo a interpretação de que incentivava a violência. Consequentemente, o autor não pode esperar palavras doces nas críticas da imprensa ou de adversários políticos”, pondera.
Nos autos distribuídos ao 2º Juizado Especial Cível de Santa Catarina, Júlia Zanatta alegou que a publicação de Noblat foi um “ataque direto” ao seu mandato, que a jornalista fez uma “acusação grave e infundada” e que sua postagem teria constituído também “ataque ao Estado Democrático de Direito e às suas instituições”.
O juiz entendeu que o processo envolve um julgamento antecipado do mérito, “uma vez que a matéria tratada, embora de fato e de direito, não exige a produção de outras provas”.
Na defesa, os advogados Marcelo Pacheco e Lucas Mourão, em nome do jornalista, explicaram que a publicação do parlamentar foi considerada por muitos uma ameaça a Lula, o que gerou críticas ao deputado.
Os advogados lembraram que Zanatta entrou na mira da Procuradoria-Geral da República e do Conselho de Ética da Câmara por conta da publicação da metralhadora. Eles questionaram a intenção de retirar o conteúdo publicado pelo jornalista. “Seria insustentável.”
Argumentaram também que o comentário de Noblat tinha como objetivo criticar o comportamento e o posicionamento político do deputado.
COM A PALAVRA, JÚLIA ZANATTA
Até a publicação deste texto, o relatório do Estadão Procurou contato com a deputada Júlia Zanatta, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto (pepita.ortega@estadao.com).
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