O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) anunciou na madrugada desta segunda-feira que Nicolás Maduro foi reeleito presidente com 51,22% dos votos válidos, nas eleições realizadas no domingo.
A contagem dos votos foi rapidamente contestada pela oposição, que acusou de fraude por parte do órgão eleitoral dominado pelo chavismo, e exigiu acesso aos registos de votação de todas as mesas de voto, denunciando que não foram disponibilizados. Os líderes internacionais não aceitaram o resultado anunciado e pediram transparência na apresentação do resultado.
O resultado foi apresentado pelo órgão oficial com 80% dos votos apurados. Maduro recebeu 5,1 milhões de votos, segundo a CNE, cerca de 51,2% dos votos válidos. Ainda segundo o resultado divulgado pela CNE, o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, teria recebido 4,4 milhões de votos, o equivalente a 44,2%. O presidente da CNE, Elvis Amoroso, um dos principais aliados de Maduro, felicitou o presidente pela sua reeleição, anunciando que havia uma “tendência irreversível” nas votações.
Amoroso, ex-Controlador Geral da República, veterano ativista chavista e membro do diretório do Partido Socialista da Venezuela (PSUV), compareceu acompanhado dos reitores da CNE Aimé Nogal, Carlos Quintero, Rosalba Gil e seu suplente, Conrado Pérez. Segundo o meio de comunicação venezuelano Efecto Cocuyo, o presidente garantiu que os resultados seriam divulgados tabela por tabela nesta segunda-feira, procedimento incomum no país, e que um CD seria entregue às organizações políticas que participaram do processo.
O anúncio oficial apresentado pela CNE nas primeiras horas da manhã foi imediatamente contestado pela oposição, que acusou fraude eleitoral na contagem. María Corina Machado, a líder da oposição mais popular do país e desqualificada pelo chavismo para participar nas eleições, afirmou que uma contagem realizada com base nos registos de votação entregues aos observadores do seu grupo político, que permaneceram nas assembleias de voto até à meia-noite, indicava uma taxa de 70%. com 30% de vitória a favor de González Urrutia.
— Vencemos e todo mundo sabe disso. Queremos dizer a toda a Venezuela e ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia — disse María Corina, em conferência de imprensa no final do dia eleitoral.
Apesar de reivindicar vitória nas urnas, a oposição indicou, durante a noite, que só teve acesso a 40% dos registos de votação — metade do que a CNE disse ter encontrado até ao momento em que anunciou o resultado favorável a Maduro.
No meio da polémica, os líderes internacionais evitaram reconhecer imediatamente o resultado divulgado pela CNE. Os líderes políticos do Norte e do Sul globais, à esquerda e à direita do espectro político, apelaram a uma maior transparência e classificaram os números apresentados até agora como duvidosos.
Na América do Sul, o presidente chileno de esquerda, Gabriel Boric, disse que o país não reconheceria quaisquer resultados que não fossem verificáveis. Ele classificou os resultados como “difíceis de acreditar” e também exigiu “total transparência das atas e do processo”.
“O regime de Maduro deve compreender que os resultados publicados são difíceis de acreditar. A comunidade internacional e, acima de tudo, o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigem total transparência das ações e do processo, e os observadores internacionais não estão comprometidos com o governo é responsável pela veracidade dos resultados”, escreveu Boric num tweet.
No seu primeiro discurso, Nicolás Maduro comemorou a sua reeleição e exigiu respeito ao corpo eleitoral e à Constituição do país.
— A Constituição deve ser respeitada, o árbitro [eleitoral], e que nada tente manchar esta jornada extraordinária, única, atípica que estamos vivenciando. Sou um homem de paz, de diálogo, nunca pensei em ocupar um cargo público relevante, sempre agi com muita força de espírito para lutar pela Venezuela. (…) Minha única aspiração na vida era ser soldado de Hugo Chávez — disse Maduro.
Os países alinhados com o regime chavista reconheceram a vitória de Maduro e felicitaram o presidente pela sua reeleição, incluindo Cuba, Nicarágua e Rússia.
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