Em Caracas para acompanhar, como enviado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as eleições na Venezuela, no domingo, o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, conversará, neste sábado, com representantes da oposição.
Na sexta-feira, Amorim foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores do país, Yvan Gil.
Na rede social X, Gil escreveu que o encontro com o enviado de Lula foi cordial e que existe um “clima de paz” no país.
A chanceler venezuelana destacou ainda que a organização do processo eleitoral é “impecável” e “uma das mais transparentes do mundo”.
“Aproveitamos para discutir os grandes desafios de transmitir informações verdadeiras baseadas no respeito absoluto à legislação venezuelana”, disse Gil.
Neste sábado será a vez de Amorim ouvir a oposição, cujo candidato é Edmundo González.
Liderados por María Corina Machado, os adversários de Maduro dizem-se perseguidos, garantem que tomarão o poder nas urnas e temem que o líder chavista não aceite o resultado.
Celso Amorim também terá reuniões com membros do Centro Carter e do Painel da ONU, que estão no país como observadores.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ia enviar representantes para acompanhar a eleição, mas a presidente do Tribunal, Carmen Lúcia, recuou depois que Maduro disse que o sistema eleitoral brasileiro é inauditável.
Segundo interlocutores do Planalto, a presença do enviado especial de Lula no país vizinho visa mostrar que o Brasil valoriza o que espera ser um processo democrático, em busca da estabilidade regional.
Amorim viajou com a determinação do presidente em preservar a imparcialidade e o equilíbrio no trato com as partes.
Amorim desembarcou em Caracas em meio a um clima de tensão e incerteza.
Candidato à reeleição, o presidente venezuelano afirmou esta semana que se perder a disputa para González poderá haver um banho de sangue no país.
Maduro já disse que respeitará o resultado, mas envia sinais contrários.
Desde o ano passado, Amorim conversa sobre a situação política na Venezuela com Maduro e representantes da oposição.
Participou, juntamente com o México, a Colômbia, os Estados Unidos e a Noruega, nas negociações do Acordo de Barbados, nas quais as partes se comprometeram com eleições livres e justas, aceites por todos.
Outro interlocutor frequente do ex-chanceler de Lula nos seus dois primeiros mandatos é o conselheiro de Segurança dos EUA, Jake Sullivan.
O governo americano está disposto a levantar as sanções económicas ao país, que afectam principalmente o sector petrolífero, se as eleições forem democráticas e Maduro deixar o poder com uma transição pacífica, se for derrotado por González.
Na última terça-feira, Amorim disse à Globo que não haverá mais motivos para sanções se as eleições não apresentarem problemas.
Disse que o país terá a oportunidade de mostrar que a democracia está consolidada.
— O Brasil atribui grande importância às eleições na Venezuela. Será uma oportunidade para demonstrar que a democracia está consolidada e que não há motivos para sanções. Portanto, confiamos que o governo venezuelano tomará todas as medidas para garantir que as coisas sigam desta forma — afirmou.
A avaliação do governo brasileiro é que não há como saber quem vencerá as eleições de domingo, devido às divergências entre as pesquisas de posição.
Esta é a mesma interpretação das autoridades colombianas, que também participaram no acordo de Barbados.
Na última quarta-feira, os chanceleres do Brasil e da Colômbia, Mauro Vieira e Luis Gilberto Murillo, se reuniram em Brasília e conversaram sobre o assunto.
Outro ponto de convergência foi que o melhor a fazer, neste momento, é não responder às provocações de Maduro.
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