A Associação Nacional dos Procuradores do Ministério Público (ANPR) criticou a atuação de Alexandre Ramagem nesta sexta-feira (26), devido a uma pesquisa apurada com o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contendo informações sobre procuradores considerados ‘contrários’ ao governo da então presidente Jair Bolsonaro.
“A ANPR manifesta seu descontentamento e preocupação com a constatação de que, por terem desempenhado suas funções, membros do Ministério Público Federal foram alvo de ação do Diretor-Geral da Abin. Num Estado Democrático de Direito, não cabe às instituições do Estado, muito menos ao serviço de inteligência, fiscalizar o correto desempenho funcional dos membros do Ministério Público e elaborar uma lista de pessoas em função do desempenho das suas funções” , diz a entidade, em nota.
Como mostrou O GLOBO, a PF encontrou com Ramagem um arquivo com informações sobre procuradores considerados ‘contrários’ ao governo do então presidente Jair Bolsonaro.
A lista inclui membros do MPF e do Ministério Público no Tribunal de Contas da União que investigavam ou representavam o presidente, seus filhos e sua esposa, Michelle Bolsonaro. Há também dados de procuradores considerados contra o governo por aliados por investigarem aliados do presidente, como o empresário Luciano Hang e sua ex-mulher Cristina Bolsonaro.
A ANPR, em nota, também criticou a Abin por ‘apropriação indébita de finalidade’ e disse que tomará medidas.
“Este não é um caso comum, que pode ser naturalizado ou relativizado, mas sim uma constatação de desvio de propósito da Abin. A ANPR, em defesa de seus associados, buscará obter a plena contextualização dos fatos, a extensão da atuação irregular, a responsabilização dos envolvidos e a reparação dos danos eventualmente constatados. É fundamental um debate transparente e objetivo sobre o papel das instituições, para evitar a repetição de estratégias ameaçadoras ou tentativas de impedir o exercício das funções do MPF”, acrescentou a ANPR.
Ramagem prestou depoimento à corporação e foi confrontado com o documento, mas disse não se lembrar de como o material foi produzido. O arquivo foi identificado como “Survey – MPF Attacks.docx”. Segundo a PF, o “documento foi atualizado diversas vezes”.
Um dos nomes monitorados é o da procuradora do MPF Ana Carolina Haliuc Bragança, que é reconhecida pela atuação na área ambiental e é responsável por operações de combate à mineração e ações de proteção ambiental na região Norte do país.
Outro alvo foi a promotora Célia Regina Souza Delgado, que, segundo a PF, assinou um edital de fato que dava 72 horas ao governo Bolsonaro para enviar cópia de ato administrativo relacionado às mortes durante a pandemia de Covid-19.
As notas afirmam ainda que o Ministério Público “assinou medida extrajudicial recomendando a suspensão de todas as atividades ‘não essenciais’ por 14 dias’ durante o período da Covid”.
O arquivo também contém o nome do deputado do TCU Lucas Rocha Furtado Rocha. O documento traz detalhes das representações do Ministério Público que afetaram o governo Bolsonaro. O documento traz ainda o nome do advogado Enrico Rodrigues de Freitas, com anotações sobre sua atividade profissional. Um deles disse que o Ministério Público recomendou que as Forças Armadas não celebrassem o golpe de 1964 e que punissem quem o fizesse.
Outros advogados são citados nas notas encontradas com Ramagem, como os nomes de José Gladston Viana Correia, que teria processado o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o então secretário de saúde do Amazonas pela responsabilidade pela crise de oxigênio no estado.
Veja também
Perdão
Comissão de Anistia pede perdão aos indígenas Kaiowá em nome do Brasil
Desculpe
Brasil pede desculpas pela perseguição a imigrantes japoneses
emprestimos pessoal em curitiba
quem tem bpc pode fazer empréstimo
bancos inss
antecipar decimo terceiro itau
cartao itau inss
emprestimo pessoal 5 mil
empréstimo consignado melhores taxas