No depoimento prestado à Polícia Federal (PF) na semana passada, no âmbito da investigação sobre uma suposta estrutura paralela montada na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o ex-diretor-geral do órgão e deputado federal Alexandre Ramagem (PL- RJ) apresentou sua versão sobre temas como o uso do sistema de espionagem FirstMile e a gravação de reunião com o então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ramagem também foi confrontado sobre as apurações da PF, como documentos com orientações a Bolsonaro, a contratação de um informante no governo de Wilson Witzel e ações contra procuradores vistos como críticos ao governo federal.
Confira os principais pontos do depoimento:
Suspeita de “uso irregular”
Em seu depoimento, Ramagem afirmou que havia suspeita entre a gestão da Abin de que havia um “uso irregular do FirstMile”, programa utilizado para monitorar a localização das pessoas pelo celular. O uso dessa ferramenta pela Abin foi revelado pelo GLOBO no ano passado.
Segundo Ramagem, essa suspeita incluiria um suposto “uso privado” da ferramenta. O ex-chefe da Abin disse ainda que recebeu a notícia de que seu próprio número havia sido colocado no sistema de espionagem.
Os investigadores, porém, suspeitam que ele tinha conhecimento de algumas consultas indevidas, pois foram encontradas mensagens que indicam que ele recebeu denúncias sobre operações clandestinas realizadas pelo órgão de inteligência.
Documentos para Bolsonaro
No e-mail de Ramagem foram encontrados documentos com orientações para Jair Bolsonaro sobre temas delicados. Os textos dos autos continham, entre outras recomendações, ataques às urnas eletrônicas e à lisura das eleições, além de reportagens difamatórias sobre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu depoimento, ele reconheceu que escrevia textos “para comunicar fatos de possível interesse” a Bolsonaro, mas destacou, porém, que não lembrava se essas mensagens eram repassadas.
Autorização para gravar áudio
Ramagem também apresentou à PF sua versão de reunião no Palácio do Planalto, em agosto de 2020, que contou com a presença de Bolsonaro, do então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e de dois advogados do senador Flávio Bolsonaro.
A reunião foi gravada pelo ex-chefe da Abin. Em seu depoimento, porém, disse que “foi acertado com o então presidente da República a gravação da reunião para servir de prova, caso houvesse alguma proposta ilícita”.
Na gravação, os advogados atacam integrantes da Receita Federal que teriam envolvimento em uma reportagem que culminou na investigação do chamado escândalo do crack de Flávio Bolsonaro, quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro. Durante o encontro, é discutida uma estratégia para blindar o senador e o filho mais velho do presidente.
Pesquisa de advogados
A PF destacou um arquivo com uma lista de procuradores que atuariam “contra” o governo, que seria atualizada periodicamente. Entre os citados estão um promotor que atuou contra o garimpo ilegal e procuradores que atuaram durante a pandemia da Covid-19. Ramagem respondeu que não se lembra do documento e não sabe como foi produzido.
Informante no governo Witzel
O depoimento também tratou de um homem que teria sido recrutado para repassar informações em troca de conseguir um cargo no governo federal. Na época, era assessor de Cláudio Castro, então vice-governador e hoje chefe do governo do estado. O governador era Wilson Witzel, adversário de Bolsonaro.
Segundo ficheiro encontrado no email de Ramagem, a “motivação para a colaboração” foi “obter posicionamento junto do grupo político ligado ao Presidente da República”. Em troca, apresentou informações sobre o Ministério Público do Rio. O homem, de fato, conquistou o cargo de assessor da regional da Presidência no Rio.
Ramagem disse desconhecer o episódio e afirmou que não é comum o recrutamento de informantes em troca de cargos.
Orientação do ex-assessor de Bolsonaro
Mosart Aragão, que na época atuava como assessor de Jair Bolsonaro, enviou mensagem instruindo Ramagem a colher informações sobre um carro que havia sido visto em um jantar com o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e a então deputada Joice Hasselmann .
Ramagem então respondeu: “Ciente. Vou verificar”. Ele então encaminhou a mensagem de Mosart para outra pessoa.
Ramagem respondeu à PF que a situação não estava focada em Maia ou Joice, que o objetivo era descobrir quem usava o carro, que pertencia ao Sindicato.
Segundo ele, foi descoberto que o veículo estava a serviço de Anderson Torres, na época secretário de Segurança do Distrito Federal e posteriormente ministro da Justiça no governo Bolsonaro, e que a investigação foi arquivada.
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