Uma mensagem encontrada pela Polícia Federal indica que um ex-assessor de Jair Bolsonaro foi o responsável por orientar Alexandre Ramagem, então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a colher informações sobre um carro que havia sido visto em um jantar com o então o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e a então deputada Joice Hasselmann.
Em fevereiro de 2020, Mosart Aragão Pereira, que foi assessor especial do gabinete de Bolsonaro na Presidência, enviou à Ramagem informações sobre um veículo e acrescentou: “Precisamos saber a quem pertence para saber quem anda nele. ontem entre ele, Joice e Rodrigo Maia Esse Pajero chegou com um cidadão com uma pasta de documentos na mão… ficou 29 minutos e foi embora”.
Ramagem então respondeu: “Ciente. Vou verificar”. Ramagem então encaminhou a mensagem de Mosart para outra pessoa. Foi encontrada impressa uma imagem da conversa com Felipe Arlotta, agente da Polícia Federal (PF) cedido à Abin na gestão de Ramagem.
Ramagem foi questionado sobre o episódio em depoimento prestado à PF na semana passada, no âmbito da investigação sobre uma suposta estrutura paralela montada no órgão. O atual deputado federal respondeu que a situação não se concentrava em Maia, Joice e Antônio Rueda, então líder do PSL e hoje presidente da União Brasil, e que o objetivo era descobrir quem usava o carro, que seria do União.
Em seu depoimento, Ramagem acrescentou que posteriormente foi descoberto que o veículo estava a serviço de Anderson Torres, na época secretário de Segurança do Distrito Federal, que mais tarde se tornou ministro da Justiça de Bolsonaro.
Segundo a transcrição, o deputado afirmou que “não houve diligência ou fiscalização em relação a Rueda, Rodrigo Maia ou Joice Hasselmann” e que “quando se soube que o veículo era guardado por Anderson Torres, agente público, a diligência foi fechado porque não houve irregularidade”.
Ramagem também foi questionado sobre qual era a sua relação com Mosart, e este respondeu simplesmente que era assessor da Presidência, com quem “teve contacto nas ocasiões em que visitou” o local.
Homem de confiança de Bolsonaro, Mosart passou a maior parte do governo em seu gabinete, e só deixou o cargo para concorrer nas eleições de 2022. Tentou ser deputado federal por São Paulo, mas permaneceu como suplente.
Como funcionava a espionagem
O programa FirstMile, adquirido pela Abin para monitorar a localização de alvos pré-determinados, é baseado em dois sistemas que fazem parte da arquitetura da rede de telecomunicações do país.
Conforme revelou a Globo em março do ano passado, os dados são coletados por meio da troca de informações entre celulares e antenas para identificar a última localização conhecida da pessoa que carrega o aparelho. O sistema foi utilizado durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando o diretor do órgão era Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal (PL-RJ).
Segundo especialistas, as designações técnicas indicam que o sistema utiliza, de alguma forma, a rede celular comum das operadoras de telefonia. A descoberta dessa vulnerabilidade ficou famosa em 2014, quando dois especialistas alemães estudaram como outro programa semelhante da mesma empresa que fornece o FirstMile obteve esses dados, chamado SkyLock.
O Sistema de Sinalização de Canal Comum data da década de 1970 e é o que permite a conexão entre dois celulares: ou seja, para completar uma ligação entre duas pessoas, a rede telefônica precisa saber a qual antena cada celular está conectado.
A vulnerabilidade do sistema, porém, é que essa solicitação interna na rede celular não costuma ser bloqueada pelas operadoras. Ou seja, uma operadora japonesa consegue localizar um celular no Brasil quando precisar completar uma ligação. Internamente, o retorno dessa busca indica a localização do celular. Atualmente, o acesso ao sistema interno é fácil e pode ser adquirido nas empresas de telecomunicações por centenas de euros.
Esse tipo de ferramenta já é conhecida no mundo da espionagem e contraespionagem global, ou mesmo para uso em segurança pública, em divisões anti-sequestro ou prisões.
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