No pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, plataforma que conectará regiões necessitadas com países e entidades que se propõem a financiar projetos locais, o presidente Lula defendeu a tributação dos super-ricos.
“Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora. Para corrigir esta anomalia, o Brasil tem insistido na questão da cooperação internacional para desenvolver um padrão mínimo de tributação global para fortalecer as iniciativas existentes.”
Em discurso feito nesta quarta-feira, 24, diante de Lula, no evento, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) também defendeu que os super-ricos sejam tributados globalmente.
Ontem, a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e coordenadora do G20 Finance Track, Tatiana Rosito, afirmou que, além do comunicado e da carta da presidência do grupo, será publicado um terceiro documento sobre cooperação tributária internacional, que incluiria a tributação dos super-ricos, poderá ser divulgada na sexta-feira. O Brasil, que ocupa a presidência temporária do G20, defende uma taxa de imposto de 2% sobre as grandes fortunas, o que teria potencial para arrecadar entre 200 mil milhões e 250 mil milhões de dólares por ano.
Lula afirmou que, ao longo dos séculos, a fome e a pobreza estiveram cercadas de preconceitos e interesses. “Muitos viam os pobres como um mal necessário e como mão de obra barata para produzir a riqueza das oligarquias”, disse ele. “Falsas teorias consideravam-nos responsáveis pela sua própria pobreza, atribuída à indolência inata, sem qualquer evidência nesse sentido”.
Segundo o presidente, os pobres eram ignorados pelos governos e pelos setores ricos, mantidos à margem da sociedade e do mercado. “Aqueles que não puderam ser incorporados à produção e ao consumo, ainda hoje, são vistos como entraves. No máximo, tornaram-se alvo de medidas compensatórias paliativas”.
Lula citou as conquistas de seu governo e reforçou que “colocou os pobres no Orçamento”. “No Brasil, combatemos a fome por meio de um novo contrato social, que coloca o ser humano no centro da ação governamental. Retomamos a política de aumento do salário mínimo, de erradicação do trabalho infantil e de combate à fome”.
Segundo o Presidente da República, no ano passado, 29% da população mundial, o equivalente a 2,3 mil milhões de pessoas, enfrentou graus moderados ou graves de restrição alimentar. “A pobreza extrema aumentou pela primeira vez em décadas. O número de pessoas que enfrentam a fome em todo o planeta aumentou em mais de 152 milhões em 2019.”
Isto significa, disse ele, que 9% da população, ou 733 milhões de pessoas, estão subnutridas. “A fome tem rosto de mulher e voz de criança”, disse ela. “Apesar de prepararem a maior parte das refeições e cultivarem grande parte dos alimentos, as mulheres e as raparigas constituem a maioria das pessoas que passam fome no mundo. Muitas mulheres são chefes de família, mas ganham menos.”
Lula afirmou ainda que a descarbonização do planeta é uma oportunidade para combater a fome, lembrando que a presidência brasileira do G20 prioriza a construção de um mundo justo e de um planeta sustentável.
O petista esclareceu que a sede da Aliança Global será dividida entre Roma (local da sede da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e Brasília. A iniciativa que deu origem ao mecanismo internacional foi de Lula.” A Aliança Global nasceu no G20, mas está aberta ao mundo”, afirmou.
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