De passagem pelo Recife, onde veio anunciar o vice-presidente de João Campos, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, falou com exclusividade ao Folha. Nesta entrevista, ele afirmou que o acordo para o PT abrir mão do cargo de vice-prefeito do Recife foi consequência de outros entendimentos nacionais envolvendo PT e PSB. “Vamos apoiar o PT em cinco capitais”, disse Siqueira, acrescentando: “Recife não é uma ilha”.
Os acordos partidários não são exclusivos de um Estado ou município. Como consequência desse acordo entre o PSB e o PT no Recife, onde o PSB também cedeu ao PT?
Em muitos lugares. Entre colégios eleitorais significativos e médios, o PSB apoia o PT em cerca de 118 municípios, incluindo cinco capitais: Porto Alegre, Teresina, Fortaleza, Natal e Goiânia. Das capitais, o PT nos apoia em Recife, Curitiba e São Luiz.
Quem não acompanha a política cotidiana imagina que Recife é uma ilha, mas as alianças são nacionais…
Este sempre foi o nosso argumento em todas as negociações. As negociações em Recife com o PSB não poderiam ser apenas sobre Recife, mas sobre toda a relação política eleitoral que o PSB mantém com o PT em todo o país.
Quem entende de política vai nessa direção, mas no caso de São Paulo, é verdade que a manutenção de Tabata foi uma exigência do PT, que apoia Boulos, para desencadear um segundo turno?
Não. A candidatura da deputada Tabata foi uma iniciativa dela, ela tem todo o direito de ser candidata e o partido acha interessante que ela seja candidata. Ela é uma jovem da cidade mais populosa e importante do país. Ela decidiu ser candidata e nós a apoiamos. Até imaginávamos que haveria uma pressão para apoiarmos o Boulos, mas, pelo contrário, na reunião que tivemos semana passada com o presidente Lula, ele mesmo levantou a questão e disse que a candidatura do Tabata era importante. Não foi uma exigência do partido, nem dela. O partido concorda, mas ela quer ser candidata e tem direito.
A princípio especulou-se que havia pressão, que Lula não estava gostando da candidatura de Tabata porque prejudicava Boulos. Você já começou a ver as coisas de forma diferente?
Posso afirmar que há negociações com partidos que processaram mais a presidente Gleisi Hoffmann, e ela nunca falou comigo sobre a possibilidade de pedir a desistência da candidatura do Tabata. A única vez que esse assunto foi discutido foi na semana passada, em torno da questão do Recife, diretamente com o presidente Lula e a presidente Gleisi e com a presença do João, eu e o ministro Padilha. O próprio presidente abordou a questão do direito dela de ser candidata.
Do ponto de vista da pesquisa, onde estão o PSB e o PT?
O PT não tem candidato em São Paulo, nem no Rio, e em Belo Horizonte o PT tem candidato. Aí não podemos apoiar porque tínhamos compromisso com o MDB. A baleia [Rossi]presidente do MDB, solicitou esse apoio e nós estamos apoiando, mas até agora não está indo muito bem.
Embora esta questão de pesquisa possa ser alterada até a semana das eleições. Nossos candidatos da capital, no caso o PSB, estão do primeiro ao segundo lugar nas pesquisas. Recife em primeiro, São Luiz em segundo e Curitiba em segundo também, embora – fora Recife, as outras duas capitais se apresentem como eleições muito difíceis.
Uma é porque ele concorre com o próprio prefeito, no caso de São Luiz, a outra é porque o candidato do PSB no Sul, o ambiente não é o melhor para a esquerda. Mas estas são eleições possíveis, não são eleições perdidas, são eleições competitivas – todas elas. Temos uma lista de cerca de mil inscrições; foi em torno de 1.128, mas acredito que ao final das convenções algumas composições chegarão a 1.000, 1.050 candidatos a prefeito do país. O cenário é bom, levando em conta o histórico de eleições municipais do PSB.
No Recife, há interpretações de que o PT ficou enfraquecido quando João não foi eleito vice-presidente. Qual é a sua interpretação?
A política é uma questão de correlação de forças. Em muitos lugares onde o PT, no passado, teve correlação de forças, sendo muito forte em cidades e estados, colocou o titular e o vice-presidente do seu próprio partido, porque tinha força para isso. Não quero dizer que o PT pernambucano não tenha força.
É um partido que conta com um deputado federal e dois senadores. Mas o prefeito tem feito uma gestão muito bem sucedida e desde o início pensou que poderia fazer a sua escolha, e disse isso diretamente ao presidente Lula, sendo muito sincero. O presidente entendeu e o PT teve alguma resistência, mas durante todo o período reconheceram que podiam ouvir e isso era muita. Lá em Fortaleza, o PT insiste que o vice seja do PSB, porque precisa dessa composição. Afinal, o PSB também se tornou um partido importante em Fortaleza e no Ceará.
Há uma leitura de que o presidente Lula facilitou a vida de João Campos, sem aplicar nenhum tipo de pressão ou cobrança. Isso poderia estar ligado a 2026?
Não sei se o presidente teve esse raciocínio, mas imagino que ele pensou em 2026, por ser candidato à reeleição, e ter o apoio do PSB não só em Recife, como teve na última eleição, mas durante todo o ano. do País, o que é um compromisso natural por estar no governo, tendo o vice-presidente da República. Acho natural que ele raciocine que é importante que mantenha o PSB nesse caminho de estar junto em 2026. Certamente, se ele for candidato à reeleição, estaremos com ele.
Em Pernambuco, Lula também faz gestos com a governadora Raquel Lyra, que está do outro lado. É possível que Lula queira o apoio de João e do governador?
Tenho a impressão de que o governador é de um partido de oposição, né? Que promete até ter candidato à presidência da República. Não sei qual será o destino dela, se continuará nesta festa que participa ou em outra. Porém, o certo é que o PSB está na sua coligação e estará em 2026. Agora, o que acontecerá com a governadora, seu partido e sua oposição, só o tempo poderá nos dizer.
Lula tem dado tratamento especial a Pernambuco, mas prefeitos do PSB reclamam que não são bem tratados pelo governador…
Essa relação administrativa independe de partes. Esta visão de lidar com os adversários políticos está de acordo com a posição que ocupa. O presidente Lula, não só neste governo como nos anteriores, trata governadores e prefeitos de forma institucional. Esta é a natureza da relação civilizada entre os diferentes níveis de governo. Uma coisa é a disputa eleitoral. A eleição passou, o governador e o presidente são de todos, devem manter uma relação institucional normal.
O prefeito de Garanhuns, do PSB, foi a primeira vítima de Raquel. Ela o tratou muito mal, inclusive no Festival de Inverno do ano passado. Agora, ela criou um festival para competir com Garanhuns. Seria ele o exemplo mais atual dessa difícil relação entre o governador e os prefeitos do PSB?
Fiquei sabendo disso e achei errado por dois motivos: primeiro porque o prefeito é gestor municipal. Quando você tem relacionamento e respeito pelo líder do outro partido é, sobretudo, pelo respeito pela população que o elegeu. Quando eleito, representa uma população que precisa ser respeitada. Quando você desrespeita o governador, você está desrespeitando os eleitores que elegeram aquele prefeito e o governador, que acabam sendo discriminados. No caso de Garanhuns é uma festa tradicional, que faz sucesso e não há motivo para criar qualquer competição e muito menos discriminar ou deixar de ajudar. É uma obrigação do Governo do Estado formar uma parceria correta – como sempre foi feito nos governos do PSB.
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