A consultora política Eurasia vê a presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, como a “clara favorita” para ser nomeada pelo Partido Democrata para competir com o ex-Presidente Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas de novembro. O republicano continua sendo o favorito para vencer, mas suas chances de vitória nas urnas foram reduzidas de 75% para 65% depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, desistiu da disputa neste domingo, 21.
“Embora o favoritismo de Trump tenha aumentado nos últimos meses, é uma eleição que ainda não foi decidida”, disse o diretor da Eurásia para as Américas, Christopher Garman, em entrevista ao Broadcast.
Segundo ele, a retirada de Biden da disputa aumenta as chances dos democratas. Ele lembra, porém, que a situação do partido era melhor no início do ano. Diante de todo desgaste gerado pela criticada atuação de Biden no debate e subsequentes gafes, a Eurásia via 60% de chances de Trump vencer nas urnas. “Podemos dizer que a probabilidade de vitória dos democratas aumentou, mas é uma situação pior do que prevíamos há três meses”, explicou.
A consultoria considera um candidato democrata “alternativo” ao traçar seu cenário. E ele vê Harris como o nome com maior probabilidade de ser indicado pelo partido na Convenção Nacional Democrata (CND), que será realizada em agosto. “É muito provável que Kamala Harris seja nomeada. Foi importante que Biden lhe desse o seu apoio”, disse Garman.
Ele lembra que os delegados democratas que vão votar nas eleições são leais a Biden e que há “grande pressão” para um sentimento de unidade no partido e uma preocupação de que o processo seletivo gere fissuras e divisões. “Ela Harris é a mais bem posicionada. Diante disso, a porta não está totalmente fechada”, alertou.
Segundo ele, o fato do ex-presidente Barack Obama ter apoiado Biden, mas não endossar o nome de Harris, gerou especulações sobre a potencial escolha do partido Democrata. “Mas, ainda assim, pensamos que Kamala Harris é a clara favorita a ser escolhida”, reforçou o especialista.
Se Harris não for a escolha dos democratas, haverá uma “disputa muito acirrada” na convenção democrata, projetou ele. Além disso, existe o risco de o partido sair desse processo dividido e, consequentemente, com menos chances de vencer nas urnas os republicanos, segundo ele.
Na opinião da Eurásia, o segundo nome democrata mais competitivo é o da governadora do Michigan, Gretchen Whitmer. “Ela tem discurso, é de um estado-chave do Centro-Oeste, tem um perfil que tem maior apelo nessa região, então provavelmente tem maior potencial de voto entre os governadores que estão na mesa”, avaliou Garman.
Já o governador da Califórnia, Gavin Newsom, tem uma posição nacional maior, mas um viés mais progressista, que talvez não tenha um apelo tão grande no Centro-Oeste, segundo ele.
“O nome que talvez seja, de longe, o mais competitivo, seria Michelle Obama. As pesquisas mostram que quase todos os outros candidatos estão concorrendo quase da mesma forma, mas ela, na verdade, carrega um índice de simpatia e favorabilidade maior”, disse ele. destacou Garman. “Mas é difícil para ela entrar na disputa. Esse seria, talvez, o nome que mais mudaria as chances de vitória dos democratas e com capacidade de unir o partido”.
O diretor da Eurásia disse ainda que até agora o foco tem sido mais nas vulnerabilidades de Biden, que se acentuaram após o debate contra Trump. Entretanto, as vulnerabilidades de Trump não foram exploradas. Para Garman, o principal ataque dos democratas a Trump, o argumento de que ele é uma fonte de autoritarismo, uma ameaça à democracia e ao extremismo político, tornou-se mais difícil após o ataque ao republicano. Ele se tornou “uma vítima do extremismo político”, disse ele.
“É uma disputa com margens pequenas. As vulnerabilidades de Trump serão exploradas nesta campanha de uma forma que não foi feita nos últimos dois meses”, conclui o especialista.
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