Após fala machista, Lula agora promete ‘guerra’ à violência contra a mulher Por Estadão Conteúdo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na manhã deste sábado (20) que pretende iniciar uma “guerra” para combater a violência contra as mulheres. A declaração do petista foi feita durante a Convenção do PT em São Bernardo do Campo (SP), município considerado um dos berços do petismo e onde o partido lançará o deputado estadual Luiz Fernando (PT-SP) como candidato a prefeito . A fala de Lula é uma resposta às críticas que o petista tem recebido nos últimos dias, após discurso machista na terça-feira (16).

“A violência aumentou muito, a violência contra a mulher é muito alta. E vamos fazer uma guerra. Vamos fazer uma guerra”, disse Lula em São Bernardo. Segundo o presidente, ele aprendeu com a própria mãe, dona Lindu, que os homens não devem agredir as mulheres. “Em vez de levantar a mão para bater numa mulher, ele bate na própria cara”, disse ele.

Durante o evento, o Presidente da República não detalhou quais as medidas concretas que irá tomar para enfrentar o problema, mas disse que a qualificação profissional é uma forma de as mulheres se libertarem da dependência económica de maridos abusivos.

Dados do Anuário de Segurança Pública divulgados esta semana mostram que as ocorrências de violência doméstica contra mulheres cresceram 9,8% em 2023, na comparação com o ano anterior – no total, 258.941 mulheres relataram problemas desse tipo no ano passado. As informações do relatório são compiladas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma ONG. As tentativas de homicídio contra mulheres aumentaram 9,2% em 2023 – foram 8.372 casos no ano passado, o primeiro do terceiro mandato de Lula. Na maioria dos casos, os agressores são o companheiro (63%) ou ex-companheiro (21,2%).

Na última terça-feira (16), Lula fez um discurso considerado machista durante reunião com ministros e empresários do setor alimentício. “Hoje fiquei sabendo de uma notícia triste, descobri que tem uma pesquisa, Haddad, que mostra que, depois de um jogo de futebol, a violência contra a mulher aumenta. Inacreditável. Se o cara for corintiano, tudo bem”, disse Lula, aludindo à má fase vivida pelo Corinthians, time que ele torce.

“Mas não fico nervoso quando perco, sinto muito. Então, queria parabenizar as mulheres que estão aqui”, acrescentou depois.

Terceiro mandato coleciona discursos politicamente incorretos

Ao longo de seu terceiro mandato, Lula foi alvo de críticas após declarações consideradas sexistas ou racistas por seus eleitores.

No final de junho, por exemplo, o petista disse que era “difícil” encontrar mulheres e negros qualificados para assumir cargos de governo. “Esse é um problema crônico que discuto todos os dias com Janja. Como as mulheres não têm uma participação ativa há muito tempo, é mais difícil você encontrar mulheres para determinados cargos, e também é mais difícil você encontrar negros para determinados cargos”, disse, em entrevista ao portal UOL.

Em abril, ao anunciar medidas de socorro ao Rio Grande do Sul por conta das chuvas, Lula disse que a máquina de lavar “é uma coisa muito importante para as mulheres”. “Muita gente acha que televisão é uma coisa pequena, que não tem muita importância. Mas, para uma pessoa mais humilde, a televisão é um bem. nem mencionei isso. E uma máquina de lavar é uma coisa muito importante para as mulheres que estão sobrevivendo ao verdadeiro sofrimento e martírio com esta chuva”, disse ele.