Nos primeiros cinco meses deste ano, quase metade dos 781 procuradores em atividade no Estado de São Paulo recebeu rendimento líquido acima do teto constitucional pelo menos uma vez. Embora o pagamento de férias e 13º salário tenha sido o principal responsável, mesmo sem esses benefícios, 69 advogados registraram rendimento líquido variando entre R$ 44,6 mil e R$ 105,6 mil por mês. A renda de um deles chegou a R$ 115,7 mil, valor que ultrapassa o teto em mais de duas vezes. A norma limita os salários do serviço público à remuneração de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), atualmente fixada em R$ 44 mil.
No total, de janeiro a maio, o governo de São Paulo pagou R$ 4,5 milhões em bônus de licença e auxílio-permanência a procuradores do Estado, segundo levantamento feito pelo Estadão. Chamados de “truques”, esses benefícios são valores extras sobre os salários dos advogados públicos, pois não estão sujeitos à regra do teto.
A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) afirmou, em nota, que os procuradores do Estado não recebem remuneração acima do teto. “Possíveis valores recebidos acima desse limite devem-se principalmente ao aumento de férias e 13º salário”, diz o comunicado. Os penduricalhos, porém, são pagos a título de indenização, o que os isenta tanto do limite constitucional quanto do Imposto de Renda.
Mesada
No período analisado, 59 procuradores do Estado receberam abono permanente e remuneração de até R$ 62,7 mil cada. Além disso, 44 receberam licenças bônus no valor de até R$ 44 mil e duas receberam ambas as pendências. Esses valores são somados à remuneração do servidor após a dedução do teto. O maior salário líquido – R$ 115,7 mil – foi pago a um procurador nível V, maior grau da carreira, em março.
A licença bonificada é o direito do servidor público de receber 90 dias de férias a cada cinco anos de serviço. No caso dos procuradores do Estado, esses dias de folga podem ser vendidos, resultando em dinheiro adicional. O bônus de permanência é um benefício pago aos empregados que podem se aposentar, mas optam por continuar trabalhando. A compensação é paga sob a forma de subsídio de subsistência, subsídio de transporte e subsídio de alimentação. O salário inicial da carreira é de R$ 38.900.
O levantamento feito pela reportagem considerou o histórico remuneratório dos servidores ativos da Procuradoria-Geral do Estado, disponível no Portal da Transparência do governo paulista. Foi analisada a remuneração líquida dos procuradores nos primeiros cinco meses de 2024, que eram os dados disponíveis até agora.
Novo benefício
Este ano, o governo Tarcísio de Freitas (Republicano) criou outro truque que poderia aumentar consideravelmente os salários dos procuradores do Estado. Aprovado pela Assembleia Legislativa (Alesp) em maio, o projeto prevê o pagamento de “licença por excesso de trabalho”. O benefício permite que o advogado tenha um dia de folga a cada três dias trabalhados, até o limite de sete dias de folga por mês, ou receba o valor correspondente em dinheiro.
Estimativa elaborada pelo partido Novo mostra que, se todos os procuradores da República em atividade solicitarem sete dias de licença em dinheiro por mês, o custo anual desses pagamentos poderá chegar a R$ 101 milhões. Considerando essa projeção, se o afastamento por excesso de trabalho estivesse em vigor desde janeiro, o governo paulista teria pago R$ 46,6 milhões em bugigangas, valor mais de dez vezes superior aos R$ 4,5 milhões já pagos até maio deste ano. .
De acordo com o projeto, os procuradores do Estado poderão solicitar licença ou reembolso caso trabalhem nos finais de semana ou feriados para cuidar de providências extrajudiciais ou judiciais, cubram colegas em férias ou licenças ou participem de grupos de trabalho, comissões, mutirões e outros. atividades públicas.
Contestação
Após a aprovação do projeto, a Novo contestou o benefício no Supremo. O partido alega que o texto é inconstitucional porque não traz estimativa do impacto orçamentário. A sigla avalia ainda que a licença fere os princípios da moralidade e da eficiência na administração pública.
No final de junho, Tarcísio enviou ao Supremo um comunicado defendendo a nova proibição de procuradores. O governante justificou que a licença foi criada para “incentivar o desempenho de funções para além do que normalmente é exigido” dos profissionais. A ação é denunciada à Corte pela ministra Cármen Lúcia.
A diretora-executiva da Transparência Brasil, Juliana Sakai, afirmou que práticas para aumentar ganhos são comuns no sistema de Justiça. Por um lado, lembrou ela, há iniciativas legislativas, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Quinquênio, que prevê subsídio adicional para juízes e membros do Ministério Público. Por outro lado, há ações no Judiciário e nos órgãos administrativos para ampliar vantagens e benefícios. “O Tribunal decide sobre os salários dos seus próprios membros”, disse o diretor da Transparência Brasil.
Paridade
“Existe também um sistema de paridade entre procuradores e magistrados. Isso significa que qualquer aumento de remuneração concedido a um grupo deve ser estendido ao outro. Dessa forma, surgem diversas medidas que aumentam os benefícios tanto para o Poder Judiciário quanto para o Ministério Público . Essas Decisões são quase internas, pois o Judiciário, ao deferi-las, também se beneficia”, destacou Juliana.
Devido aos altos salários que recebem, os procuradores do Estado são frequentemente considerados o mais alto nível de funcionários públicos em São Paulo. Enquanto os demais servidores estaduais têm seus salários limitados ao salário do governador – atualmente R$ 34,5 mil –, os advogados públicos têm sua renda equivalente ao salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal, além de receberem outras vantagens e benefícios.
Férias e 13º justificam valores, diz Ministério Público
Em nota, a Procuradoria-Geral da República (PGE) afirmou que os procuradores não recebem “nenhuma remuneração acima do teto, inclusive verbas honorárias”. Segundo a nota do órgão, “eventuais valores recebidos acima desse limite devem-se, em sua maioria, ao aumento de férias e 13º imposto”.
Os procuradores do Estado obtiveram o direito de ter seus rendimentos equiparados às carreiras do Judiciário e do Ministério Público. Até 2022, os salários da categoria estavam limitados ao subteto – ou seja, a remuneração de um juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo, equivalente a 90,25% do teto.
Essa regra mudou quando a procuradora-geral do Estado, Inês Maria dos Santos Coimbra, aprovou parecer da PGE equiparando o salário dos procuradores ao dos ministros do STF. Na época, o Ministério Público justificou a medida citando que outros Estados, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, já haviam adotado essa prática e que havia jurisprudência no Supremo para respaldar a decisão.
Responsável pela representação judicial e consultoria jurídica do governo do estado, a PGE é análoga à Advocacia-Geral da União (AGU). A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
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