A Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) adiou para o segundo semestre a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que dá autonomia financeira e orçamentária ao Banco Central. O relator da PEC, senador Plínio Valério (PSDB-AM), não conseguiu chegar a um acordo com o governo, que chegou a apresentar uma contraproposta ao tucano nesta semana.
Conforme mostrou o Estadão/Broadcast, reunião na manhã desta quarta-feira, 17, entre Valério e os senadores Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, e Vanderlan Cardoso (PSD-GO), autor do A PEC terminou sem acordo e levou à indicação de que não seria possível votar a proposta hoje.
Em seu depoimento na CCJ, o relator da PEC disse ter enviado “sinais ao governo” desde o início da tramitação da proposta, mas que não recebeu nenhum contato até esta semana.
“As considerações e reivindicações do governo são muitas, algumas pertinentes e outras nem tanto. Não posso aceitá-las horas antes da reunião e aceitá-las ou não”, afirmou.
“Para mim haveria votação, mas se houver adiamento teremos bastante tempo para conversar. Espero que haja esse diálogo, iniciado agora por Jaques Wagner”, completou o tucano.
Plínio Valério disse que não incluiria todas as sugestões de última hora do governo. “Não li as sugestões do governo porque não há tempo. Não seria justo não aceitar de ofício, porque vem do governo, que tem muito com quem colaborar e agora está interessado”, disse. ele alegou.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, a proposta apresentada pelo governo federal tira da mesa a transformação da autoridade monetária em empresa pública, mas mantém em cima da mesa a possibilidade de o BC contratar funcionários no regime CLT.
“O Banco Central fica autorizado, nos termos de lei complementar, a contratar trabalhadores ao abrigo do regime da Consolidação das Leis do Trabalho”, diz o n.º 8 da minuta, a que o relatório teve acesso. O artigo 7º estabelece que a autoridade monetária “não está vinculada aos sistemas de administração pública”.
A proposta estabelece ainda que as despesas do BC seriam cobertas por receitas próprias. No parágrafo 4º, autoriza o município a incluir em seu orçamento “despesas com pessoal, investimentos, operacionais, circulantes” e financiamento do Proagro, observadas orientações do Conselho Monetário Nacional (CMN).
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, ao pedir o adiamento da votação da PEC, argumentou que ainda não há um cenário consolidado para aprovação da proposta.
“Aquele resultado esperado (da semana passada, quando se esperava o empate) mostrou que os próprios colegas não têm maioria consolidada (a favor da PEC)”, disse Wagner.
O presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), defendeu o adiamento para que os parlamentares busquem um acordo que possibilite a aprovação da proposta não só na comissão, mas no plenário das duas Casas do Legislativo.
“Somos 81 senadores. Precisamos de 49 votos para aprovar uma PEC. Essa proposta será debatida nesta comissão, no plenário e irá para a Câmara. Na Câmara, são necessários 308 votos para aprovar uma emenda constitucional . Este é o melhor caminho. Se continuarmos na intransigência, acabamos por não chegar ao cerne da discussão, que não é política nem ideológica, é institucional”, disse.
Alcolumbre defendeu um “caminho central” para alcançar os votos necessários para aprovar a emenda constitucional. O senador disse acreditar que “parte significativa do Senado e da política” defende o “eixo central” da PEC, a autonomia administrativa e financeira do Banco Central.
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