Após as revelações sobre a atuação clandestina de uma “Abin paralela”, a campanha de Alexandre Ramagem (PL) à Prefeitura do Rio começou a sofrer desgastes e um futuro incerto. Internamente, a maior preocupação é o que acontecerá a partir do áudio publicitário encontrado no computador do deputado federal.
O arquivo em poder da Polícia Federal (PF) contém uma conversa de mais de uma hora entre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e o próprio Ramagem sobre como reagir aos auditores do IRS que subsidiaram a investigação de um suposto esquema de crack no escritório do filho zero um.
Conforme noticiou O GLOBO, o ex-presidente ficou irritado com o fato de ter sido gravado por Ramagem em conversa particular. Apesar do discurso de que a candidatura seja mantida, integrantes da campanha de Ramagem já dizem que ele poderá ser descartado, dependendo do desenrolar dos acontecimentos.
A operação da PF realizada nesta quinta prendeu cinco pessoas, cumpriu sete mandados de busca e apreensão e revelou a existência da gravação. Um dos alvos da busca e apreensão foi José Matheus Gomes, contratado pelo escritório de Ramagem na Câmara para prestar consultoria em redes sociais, por meio da empresa Mellon Comunicação e Marketing Ltda, da qual é sócio.
José Mateus Gomes era visto como figura fundamental na estrutura de campanha de Bolsonaro, pois coordenaria os cargos. Agora, o profissional deve ser afastado da campanha, por ordem de Bolsonaro.
Neste momento, a batida está em espera. Integrantes do PL ainda especulam quais serão os próximos passos de Bolsonaro, fiador da candidatura. No partido, um dos cenários considerados é que Ramagem possa se reerguer. Isso aconteceria mais facilmente se fosse indicado que o áudio foi gravado por um orientador. Nessa hipótese, não haveria o peso de uma “traição” do ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Até o momento, há apenas uma definição quanto ao fato de que as peças de campanha não conterão mais a palavra “delegado”, usada por Ramagem em 2022, quando foi eleito deputado federal.
As gravações feitas até agora exploram justamente a relação de confiança entre Bolsonaro e Ramagem, a intimidade. Ambos são apresentados como amigos, que sempre se consultavam nos momentos difíceis. A divulgação do áudio, porém, pode fazer com que esse material perca o sentido.
Segundo interlocutores, Bolsonaro ficou irritado com o fato de José Matheus Gomes estar ligado à Ramagem. Ele é descrito pela PF como membro do núcleo da “Presidência”, uma espécie de ponto de contato entre o Planalto e os responsáveis pela proliferação de notícias falsas durante o governo Bolsonaro. Faziam parte desse grupo Mateus de Carvalho Sposito, preso nesta quinta, assim como Daniel Lemos, que também foi alvo de busca e apreensão —todos atuavam como assessores no Planalto.
A PF interceptou mensagem em que um dos responsáveis pela divulgação das mensagens nas redes sociais dizia ter “linha direta com o presidente”.
“Os diálogos encontrados também revelaram a forma de atuação dos conteúdos ilícitos obtidos pelo núcleo de estrutura paralela. Verificou-se que o material recolhido foi repassado a vetores de propagação nas redes sociais (perfis falsos e perfis cooptados) que constituíam o núcleo das milícias digitais da organização criminosa”, escreveu a Procuradoria-Geral da República (PGR) em comunicado.
O áudio encontrado no computador de Ramagem tem duração de uma hora e oito minutos, datado de 25 de agosto de 2020 e foi encontrado em um aparelho de sua propriedade.
Segundo a PF, Bolsonaro, Ramagem e Heleno discutiam a participação de auditores da Receita Federal na elaboração de um relatório de inteligência fiscal que deu origem à investigação contra “01”. O arquivo de gravação da reunião tem duração de 1 hora e 8 minutos e data de 25 de agosto de 2020.
O suposto desvio de recursos públicos — a chamada “rachadinha” — teria ocorrido no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Na gravação, Ramagem disse que “seria necessário instaurar processos administrativos” contra os auditores da Receita Federal “com o objetivo de anular a investigação, bem como afastar alguns auditores dos respetivos cargos”.
O filho do ex-presidente voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, é Moraes quem movimenta os delegados da PF para que as investigações cheguem ao bolsonarismo.
Procurado, Ramagem não respondeu.
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