Enquanto esteve no comando da Presidência da República, entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022, Jair Bolsonaro (PL) recebeu 9.158 presentes, catalogados pelo assessor do ex-chefe do Executivo Marcelo Câmara. Camisas e camisetas foram os itens que o então presidente mais recebeu no período: o total foi de 2.274 peças, sendo 449 camisas de futebol, 253 camisas pólo, 79 camisas sociais, entre outras variações do traje.
O inventário de fechamento e entrega da coleção particular presidencial foi obtido por Estadão em setembro do ano passado e é citado na investigação que levou ao indiciamento do ex-presidente pela Polícia Federal (PF).
O documento foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da investigação sobre joias sauditas, caso iniciado após o Estadão revelar que joias recebidas pelo ex-presidente foram omitidas da Receita Federal. O sigilo da investigação foi retirado pelo ministro Alexandre de Moraes nesta segunda-feira, 8.
Além dos itens comuns, como bonés, canecas, bandeiras, terços, gravatas, imagens de santos e calendários, há outros como um remo de madeira com a inscrição “Mamãe Custódia – Homem Violento”. O objeto foi usado no passado por pais e professores para punição.
Um dos itens mais recebidos pelo então presidente foram as máscaras de proteção. Relutante em usá-las durante a pandemia do coronavírus, Bolsonaro recebeu 245 máscaras, além de uma pistola de vacinação veterinária, nas cores verde e amarela. Em março deste ano, foi indiciado pelos supostos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde.
Entre os presentes de regiões ou etnias específicas, estavam 77 artigos relacionados ao preparo do chimarrão, bebida tradicional do Rio Grande do Sul, oito acessórios indígenas, além de 43 artesanatos. Há outros muito específicos, como um ovo de avestruz pintado, conhecido como “pesanka”, de origem e tradição eslava, conjuntos de armas ou símbolos da Idade Média em placas, e um “talit” – acessório religioso judaico em forma de xale.
O ex-presidente, que tem o armamento civil como uma de suas principais bandeiras como forma de “defesa” e é conhecido pelo símbolo da “arma” feito com a mão, também foi presenteado com 74 facas, dez canivetes, duas pistolas, dois munição, dois estojos e uma arma em miniatura.
Relógios, conjuntos de joias, colares e pulseiras, que entre outros bens de alto valor teriam sido desviados em favor do ex-presidente, também são tipos de objetos da lista. Bolsonaro foi indiciado com 11 aliados pelos supostos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no último dia 4.
O inventário de 1.126 páginas lista, por exemplo, o relógio Rolex, que foi vendido junto com outro relógio Patek Philippe (ainda não recuperado), por US$ 68 mil. A investigação da Polícia Federal (PF) mostra que o então advogado da família, Frederick Wassef, foi enviado aos Estados Unidos em março de 2023 com a missão de resgatar o imóvel.
A lista não especifica quais itens foram para coleções públicas ou privadas, apenas fornece uma descrição do objeto e sua conservação. A maioria foi descrita como estando em “boas” condições, enquanto 82 itens foram listados como estando em “razoáveis” condições. Dois presentes estavam em “ruim” estado: um relógio feito de discos de vinil e um boné com “manchas de sujeira e desgaste na parte frontal da aba”.
Bolsonaro também recebeu mimos com o nome ou imagem de sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Entre quadros, plaquinhas, canecas, bonecos, azulejos, chaveiros, relógios de parede, entre outros brindes, foram 46 itens com alguma menção à atual presidente do PL Mulher.
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