A Polícia Federal busca conexões entre pelo menos sete investigações para apurar a existência de organização criminosa instalada no Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro.
Segundo os investigadores, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seria o chefe desse grupo e personagem central de diferentes frentes de investigação: fraude na carteira de vacinação, suposto desvio de joias do acervo presidencial, trama golpista para impedir o presidente posse Luiz Inácio Lula da Silva, ataque a urnas eletrônicas e instituições democráticas, uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar adversários e suposto pagamento de despesas pessoais com cartão corporativo.
O ex-presidente já foi indiciado nos dois primeiros casos, que fazem parte de um inquérito principal (4.874) aberto em julho de 2021 para investigar um grupo com “forte atividade digital” e “o propósito claro de atacar a democracia”, segundo o relator, ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em relatório enviado ao STF na última sexta-feira, a PF detalha a ligação entre as diversas investigações e afirma que o inquérito apura a atuação de uma “possível organização criminosa”, cujo objetivo é “obter vantagens de diversas naturezas (políticas, patrimoniais ou não)”.
Segundo os pesquisadores, a PF investiga a “articulação de pessoas” em torno de Bolsonaro, “com tarefas distribuídas conforme adesão entre criadores, produtores, difusores e financiadores”.
A defesa de Bolsonaro negou todas as irregularidades, argumentou que Moraes não tem prerrogativa de denunciar esses processos e afirmou que as investigações são “dirigidas” ao ex-presidente. Bolsonaro, por sua vez, passou a criticar o chefe do Departamento de Inteligência da PF (DIP), delegado Rodrigo Morais, nas redes sociais, responsável pelos casos.
Além dos alvos que se repetem nas investigações —Bolsonaro e o ex-assessor Mauro Cid—, a PF vê relação entre os fatos.
Por exemplo, o ex-presidente só viajou para os Estados Unidos no final de 2022 porque não conseguiu apoio do Comando do Exército e da Aeronáutica para dar um golpe de Estado, segundo a PF.
Na viagem, a comitiva do ex-presidente teria levado parte das joias furtadas do acervo presidencial, segundo a PF.
O dinheiro da venda dos itens, segundo a investigação, foi usado para custear sua estadia em Orlando. Para a PF, Bolsonaro, Cid e seus familiares teriam fraudado seus cartões de vacinação para evitar problemas na entrada em outros países, que cobram pela imunização contra a Covid-19, como os EUA. Os relatórios destacam que os esquemas ocorreram “a pedido” e “no interesse” de Bolsonaro.
Próximos passos
A expectativa é que o próximo indiciamento do ex-presidente seja na investigação da trama golpista, que também faz parte do caso das milícias digitais. Outro processo que visa Bolsonaro é o que investiga o uso da Abin para monitorar adversários.
Isso está ligado ao inquérito das fake news (4.781), lançado em 2019, quando Bolsonaro ainda era presidente. Desde então, Moraes ampliou o inquérito, que tinha como objetivo inicial apurar ataques a ministros do STF.
Na visão da PF, as investigações sobre milícias digitais e fake news e seus respectivos desdobramentos estão relacionadas pelo mesmo modus operandi: a utilização da estrutura do Estado para atender aos interesses da suposta organização criminosa.
No caso das joias, membros do Ministério de Minas e Energia e da Receita foram mobilizados para recuperar presentes dados por autoridades estrangeiras.
No caso das vacinas, a Ordem Auxiliadora da Presidência e a prefeitura de uma aliada ajudaram a fraudar os sistemas do Ministério da Saúde. Na trama golpista, o ex-presidente teria tentado ingressar nas Forças Armadas.
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