A Câmara dos Deputados rejeitou a inclusão do espanhol como disciplina obrigatória e as alterações que o Senado havia feito na carga horária da formação básica do novo ensino médio e, com isso, aprovou na noite desta terça-feira a versão final da proposta, a 9º.
A votação foi simbólica, por decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e apenas PSOL, PCdoB e PDT se manifestaram contra o novo parecer, que foi aprovado em acordo com o governo Lula e o PT. O projeto agora segue para aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O texto aprovado prevê 2,4 mil horas de carga horária para a formação básica geral (que inclui disciplinas obrigatórias como matemática e línguas), de um total de 3 mil horas no ensino médio. Atualmente, desde a reforma do governo Michel Temer, em 2017, a formação básica é de 1.800 horas.
Porém, o relator, deputado Mendonça Filho (União-PE), voltou a definir que, nos casos em que o ensino médio for concluído juntamente com curso técnico, a formação básica poderá ser mais curta, com carga horária mínima de 2,1 mil horas, das quais 300 horas poderão ser utilizado como elo entre a base curricular do ensino médio e a formação técnica profissional.
Na prática, isso pode reduzir a carga horária mínima da formação básica para 1.800 horas, abrindo espaço para a formação técnica.
A parte flexível do currículo do ensino médio – que pode ser de estudos aprofundados ou cursos técnicos – volta a ser chamada de “itinerários de formação”. O Ministério da Educação, no novo governo Lula, alterou esse nome para o termo “aprofundamento e integração de percursos de estudos”.
A carga horária mínima anual para o ensino secundário aumenta de 800 para 1.000 horas (o aumento será distribuído por 200 dias letivos), mas poderá atingir 1.400 horas, progressivamente.
O Senado havia incluído nos itinerários de formação, no processo gradual de ampliação da carga horária anual, uma proporção de pelo menos 70% para formação básica geral.
A lei aprovada determina ainda que o MEC, com a participação dos sistemas estaduais e distritais de ensino, deverá elaborar diretrizes para os itinerários formativos.
O relator também retirou o espanhol como disciplina obrigatória e manteve apenas o inglês como língua estrangeira. Os currículos poderão oferecer o ensino de outras línguas opcionalmente, “preferencialmente espanhol”, conforme disponibilidade, locais e horários.
O deputado também deixou de fora a obrigatoriedade de os Estados manterem, em cada um dos seus municípios, pelo menos uma escola pública que ofereça ensino médio regular no turno noturno, quando houver demanda.
Mendonça Filho já havia sinalizado que reverteria as principais mudanças dos senadores. Logo após a proposta ser aprovada no Senado, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também defendeu a reintegração do texto dos deputados e prometeu dialogar com o ministro da Educação, Camilo Santana, para que isso acontecesse.
Como mostrou a Coluna do Estadão, as mudanças feitas pelos senadores pegaram de surpresa a bancada da educação na Câmara. Mendonça Filho se irritou com o governo e lembrou que os compromissos assumidos pelo Planalto deveriam ser cumpridos nas duas Casas do Legislativo.
No caso do ensino a distância, Mendonça Filho também retomou o texto da Câmara, que admite excepcionalmente “ensino mediado pela tecnologia”. O Senado havia alterado essa expressão para “ensino presencial mediado por tecnologia”, com ênfase no ensino presencial, e determinou que o ensino a distância seria permitido em “casos de excepcionalidade emergencial temporária reconhecida pelas autoridades competentes”. “.
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