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No relatório final da investigação sobre a venda de joias recebida pela Presidência, a Polícia Federal (PF) elenca uma série de indícios que ligam diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro ao “apropriação indébita” dos objetos. O relatório foi divulgado nesta segunda-feira pelo Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro e outras 11 pessoas foram indiciadas na investigação pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Veja o que aponta a PF:
Declaração de Lourena Cid
Em depoimento, o general reformado Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de campo Mauro Cid, relatou ter entregue a Bolsonaro US$ 68 mil que foram adquiridos com a venda de relógios recebidos pela Presidência.
Segundo Lourena Cid, os repasses a Bolsonaro foram feitos “em frações”. A PF destacou que a ação ocorreu “com o objetivo de dificultar às autoridades brasileiras a detecção do retorno de recursos ilícitos ao patrimônio do ex-presidente”.
Histórico de navegação de Bolsonaro
A PF identificou no histórico de navegação do celular de Bolsonaro que houve consulta na página da empresa responsável pelo leilão do kit de joias em ouro rosa.
Troca de mensagens: ‘Selva’
As trocas de mensagens também mostraram que o ex-ajudante Mauro Cid enviou a Bolsonaro o link do leilão online desse kit. Em resposta, Bolsonaro escreveu “selva”, jargão usado por militares como forma de cumprimento e substitui os termos “ok” e “tudo bem”.
A PF apontou a troca de mensagens como prova de que Bolsonaro sabia do suposto esquema de venda de presentes da coleção presidencial.
foto do relógio
Outro elemento citado pela polícia é uma fotografia do relógio Patek Phillipe, outro item que, segundo a PF, foi desviado do acervo da Presidência. Segundo a investigação, Mauro Cid enviou a Bolsonaro uma imagem com informações sobre o relógio, como seu valor de mercado, em novembro de 2021. O tenente-coronel também enviou ao então presidente uma fotografia do certificado do objeto.
Avião presidencial
A PF destacou ainda que o ex-presidente utilizou o avião presidencial, sob a alegação de viagem oficial, para enviar joias da coleção presidencial aos Estados Unidos. Segundo investigação, ainda em dezembro de 2022, o avião foi utilizado para retirar mercadorias de alto valor do país. A polícia destaca que a investigação identificou o mesmo modus operandi em relação aos três acontecimentos.
Dois dos itens desviados pelo avião oficial foram duas esculturas douradas em formato de barco e de árvore, segundo a PF. O tenente-coronel Cid, com a ajuda de seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid, “enviou a mercadoria a diversos estabelecimentos especializados nos Estados Unidos, para avaliação e tentativa de venda”, afirma o relatório.
“No entanto, os bens não tinham o valor patrimonial esperado pelos investigados, fato que frustrou a venda das esculturas”, informou a PF. Neste momento, a polícia destaca uma mensagem de Mauro Cid para Marcelo Câmara em março de 2023 explicando por que Bolsonaro não levou as esculturas quando conheceu seu pai, o general Cid, em Miami. “Ele [Bolsonaro] Não pegou porque não valia nada”, disse o ex-ajudante de campo do ex-presidente.
Video chamada
A PF destaca ainda que “o advogado Frederick Wassef fez uma videochamada com o ex-presidente Jair Bolsonaro logo após ele falar sobre a entrega do relógio Rolex ao tenente-coronel Mauro Cid”. Segundo a PF, Wassef foi “designado” por Bolsonaro para recuperar o objeto em março de 2023, quando veio à tona o suposto esquema de desvio de joias do acervo presidencial.
A ligação teria ocorrido no dia 2 de abril de 2023, dia em que a PF suspeita que o item de luxo tenha sido entregue por Wassef a Cid na Sociedade Hípica Paulista, em São Paulo.
O ex-presidente também conversou diversas vezes com Wassef sobre as joias. Segundo os investigadores, Wassef viajou aos Estados Unidos entre 13 e 29 de março com a missão de recuperar o relógio Rolex, que fazia parte do kit de ouro branco e foi entregue pelas autoridades da Arábia Saudita.
Cotação de ingresso
No dia 13 de março, Bolsonaro chegou a enviar a Wassef uma cotação de passagens aéreas saindo de Miami com destino à Filadélfia para o dia seguinte. O advogado, segundo a PF, viajou neste voo específico no dia 14 para recomprar o relógio.
Discussão de regras
Antes disso, no dia 7 de março, Bolsonaro enviou a Wassef trechos do regulamento que regulamenta o recebimento de presentes pelo presidente.
— Se você é advogado, dê uma olhada nisso, vamos sublinhar alguma coisa… vamos pintar algo de amarelo. Aparentemente, temos o direito de ficar com o material. Dá uma olhada — disse o ex-presidente-executivo em áudio.
A polícia destaca ainda que Wassef recebeu cotação de Bolsonaro para passagens para os Estados Unidos.
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