A secretária nacional de Planejamento do Ministério do Planejamento e Orçamento, Virgínia de Ângelis, afirma que a agenda de revisão de gastos, em discussão no governo federal, precisa deixar claro quais são os objetivos dos cortes de despesas pretendidos pelo Executivo. Segundo ela, se o processo não for planejado e delimitado, o novo espaço fiscal corre o risco de ser ocupado por mais emendas parlamentares.
“Quando você faz uma revisão de gastos não é só para criar espaço fiscal. Para que é criar espaço? Se for para pagar o serviço da dívida isso tem que ficar muito claro”, diz Virgínia em entrevista ao Estadão. “Se for para realocar as prioridades do governo, quais são as prioridades? Se não tivermos clareza sobre isso, poderíamos ter um aumento ainda maior no percentual de imposições individuais de emendas (obrigatórias), por exemplo”. Atualmente, mais de 90% das despesas primárias são compostas por despesas obrigatórias. Do que resta, quase um terço está nas mãos do Congresso.
Servidora de carreira do Tribunal de Contas da União (TCU) e há dois meses no cargo de secretária nacional do Planejamento, Virgínia avalia que os valores destinados por deputados e senadores aos redutos eleitorais assumiram dimensão desproporcional. O Plano Plurianual (PPA) 2024-2027, liderado pelo secretário, busca reduzir essas distorções. O instrumento de planejamento orçamentário de médio prazo fornecerá informações sobre como os recursos públicos federais, inclusive aditivos, estão cumprindo ou não os indicadores e metas criados pelo projeto.
O governo publicou um decreto que regulamenta a gestão do PPA. Que mudanças práticas este instrumento traz em relação ao acompanhamento orçamental?
Mudámos o sistema (de responsabilização dos ministérios). Anteriormente, esse monitoramento era realizado em dois momentos do ano, quando os órgãos responsáveis pelos programas inseriam as metas no sistema. Agora, permanecerá aberto a maior parte do tempo, e as áreas finais dos ministérios também terão que participar para cumprir essas metas, alcançar resultados e entregas, com base nos recursos aplicados. Queremos mudar a mentalidade.
É importante trazer o Congresso para a mesa de discussão, diante do aumento de emendas parlamentares?
As emendas parlamentares são legítimas e ocorrem em todo o mundo. Acontece que, nos últimos anos, no Brasil, elas assumiram uma dimensão desproporcional e, às vezes, até com mecanismos que inviabilizam a transparência e a responsabilização, como é o caso das chamadas emendas Pix. Quando você não tem um plano bem planejado fica mais fácil fazer esse tipo de ação, porque você não tem um instrumento para monitorar. Estamos construindo essa referência, um critério para que, de fato, possamos dizer: isso não segue o planejado. Hoje o Congresso só destina (recursos), não se responsabiliza pelo resultado.
O caminho seria aumentar a transparência, apontando o que gera resultado e o que não gera?
Qualificar todo o processo de alocação, com atenção especial às alterações, é o que buscamos com a reformulação do PPA e seu fortalecimento. Temos falado muito hoje, por exemplo, em rever gastos, gerar eficiência e abrir espaço fiscal para políticas públicas prioritárias. Mas quais são as políticas prioritárias? Que garantias temos de que esta abertura do espaço fiscal será de facto orientada para prioridades e não, por exemplo, para mais alterações fiscais?
Então, existe o risco de o espaço orçamental gerado pela revisão se transformar em mais alterações?
Quando se faz a revisão, não se trata simplesmente de gerar espaço fiscal; Para que serve a geração de espaço fiscal? Se for para pagar o serviço da dívida, isso deve ficar muito claro. Se for para realocar as prioridades do governo, quais são elas? Se não tivermos clareza sobre isso, poderemos ver um novo aumento no percentual de alterações fiscais individuais, por exemplo.
O governo é claro sobre o “para quê”?
Sim, porque já temos prioridades mais claras, como o Plano de Transformação Ecológica e o combate à fome. O PPA não foi perfeito, precisa ser melhorado também. Mas o governo pode ser claro sobre as áreas prioritárias, tem as ferramentas.
Qual a sua opinião sobre a revisão dos pisos da saúde e da educação?
A discussão deve ir além do fiscal. Se vamos desvincular (despesas com saúde e educação da arrecadação), para que vamos desvincular? O inspetor é extremamente relevante; Precisamos desvincular para permitir flexibilidade na gestão orçamentária e financeira e possibilitar o cumprimento do novo marco, a meta de resultado principal… Agora, quando desvinculado, para onde isso vai? Quando falamos em revisão de gastos, na qualidade dos gastos, é o que você entrega para a sociedade, o que gera resultado. Sabemos que é isso também que a literatura aponta: a dotação orçamental é muito prejudicial, dificulta a alocação (de recursos). Então, essa discussão é necessária, mas tem que ser mais ampla, complementada com outros aspectos.
A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
simulador emprestimo pessoal itau
bancoob codigo
quanto tempo demora para o inss aprovar um empréstimo consignado
inss extrato de empréstimo consignado
como fazer empréstimo pelo bolsa família
simulação emprestimo consignado caixa
banco bmg em fortaleza
emprestimo itaú