A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira, 4, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros 11 aliados no caso envolvendo joias sauditas, revelado por Estadão. Ex-ministros e aliados políticos saíram em defesa do ex-presidente, alegando que ele é vítima de perseguição.
A investigação classifica o ex-presidente pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro por meio de venda ilegal. Ao todo, as penas variam de 10 a 32 anos de prisão.
Flávio Bolsonaro, Eduardo e Carlos: ‘Perseguição’
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse no X (antigo Twitter) que o indiciamento do ex-presidente é uma “perseguição declarada e flagrante” a Jair Bolsonaro. O senador alegou que os presentes dados ao ex-presidente foram devolvidos ao patrimônio da União, sem “prejuízo ao erário”.
Ele sugeriu parcialidade na atuação dos investigadores, afirmando que um grupo da PF foi “escolhido a dedo” para as investigações. O texto de Flávio foi replicado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL).
Sóstenes Cavalcante: ‘Solidariedade total’
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) replicou o texto publicado por Flávio Bolsonaro em seu perfil no X. Além disso, afirmou que o indiciamento da PF é “pura perseguição” e reforçou sua “solidariedade total e irrestrita” com o ex-presidente.
“Eles fazem tudo, mas o Brasil todo sabe que Jair Bolsonaro não é corrupto”, sugeriu Cavalcante.
Ciro Nogueira: ‘Bom homem’
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente é “um homem de bem”, com caráter e honestidade insuperáveis entre os brasileiros. “O mesmo que Bolsonaro pode ser possível, mas mais (‘bom’ e honesto)… É impossível”, afirmou Nogueira no X.
Rogério Marinho: ‘Precedente’ para Lula
O senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro de Bolsonaro e líder da oposição no Senado, disse que o indiciamento desta quinta é um “precedente” preocupante para o presidente Luiz Inácio da Lula (PT), já que o petista também esteve envolvido em um imbróglio jurídico sobre presentes que lhe foram dados entre 2003 e 2010.
Como o projeto mostrou Verificarem parceria com o Estadão Verifica, a insinuação de Marinho é enganosa. Em 2016, o Tribunal de Contas da União (TCU) auditou a arrecadação de presentes recebidos por Lula e pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Depois de um pente fino, o Tribunal de Contas determinou a localização e incorporação ao patrimônio da União de 568 peças doadas a Lula e 144 peças doadas a Dilma. Até então, não havia clareza na legislação quanto à destinação desses bens.
Segundo o TCU, essa determinação foi cumprida pelos petistas. Apenas oito itens do acervo de Lula não foram localizados. Segundo registros do Sistema de Informações do Acervo Particular Presidencial (Infoap), os presentes em poder de Lula foram estimados em R$ 11.748,40. Esse valor, segundo o TCU, foi devolvido à União em 10 parcelas de R$ 1.174,84.
Sérgio Moro: ‘Diferença de tratamento’
O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, relativizou a “diferença de tratamento” entre o ex-presidente e Lula. O ex-juiz aludiu ao caso dos contentores e lembrou que, nesta ocasião, Lula não foi indiciado por peculato, “dada a ambiguidade da lei” em vigor.
“Há uma diferença notável de tratamento entre situações semelhantes, disse Moro.
Gustavo Gayer: ‘PF virou Gestapo’
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) comparou a PF à Gestapo, a polícia secreta do regime nazista. Segundo o deputado federal, a PF brasileira, a mando do ministro do STF Alexandre de Moraes, trabalha para perseguir adversários políticos. “Eles estão desesperados para desgastar o líder político que leva milhões às ruas”, disse Gayer.
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