Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) – O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que discute a regulamentação da reforma tributária apresentou nesta quinta-feira o relatório do projeto, que incluía a cobrança de um Imposto Seletivo sobre jogos de azar e carros elétricos, isentando os caminhões dessas cobranças, informaram os parlamentares que fazem até o colegiado.
O texto traz ainda inovações como maior desconto na tributação do setor de construção, benefícios para “nanoempreendedores” e reajustes de encargos sobre e .
“O que houver de demanda extra, sugestões, críticas construtivas e opiniões, é o plenário da Câmara que decidirá”, disse o deputado Claudio Cajado (PP-BA), integrante do grupo de trabalho, em entrevista à imprensa.
Promulgada em dezembro de 2023, a emenda constitucional cria a Contribuição sobre Mercadorias e Serviços (CBS), que substituirá os tributos federais Pis e Cofins, e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS), que combinará ICMS (estadual) e ISS ( municipal). Também foi criado o Imposto Seletivo, que visa desestimular o consumo de produtos e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Embora as linhas gerais da reforma estejam na Constituição, é necessária a aprovação de projetos de lei regulamentadores. A primeira delas, com os principais pontos do novo sistema, foi enviada pelo governo em abril, prevendo que o formato proposto deixaria a alíquota geral do novo imposto em 26,5%, patamar que os deputados do grupo afirmaram que poderia ser reduzido ao longo do tempo. .
Segundo os parlamentares, as premissas do Imposto Seletivo cabem no caso dos jogos – incluindo apostas online e loterias – e também dos carros elétricos, que seriam poluentes ao descartar e substituir componentes.
Em relação aos caminhões, os deputados afirmaram que a cobrança pode prejudicar a atividade econômica do país.
“O Brasil, na hora de produzir e distribuir, precisa de caminhões. O entendimento do grupo é que eles não deveriam ser tributados pelo Imposto Seletivo”, disse o deputado Moisés Rodrigues (União-CE), integrante do grupo de trabalho.
Ainda no Imposto Seletivo, o projeto do governo incluiu na cobrança “bens minerais extraídos”, conceito que agora foi alterado para “bens minerais”.
A mudança amplia o escopo de tributação, permitindo, por exemplo, que a importação e exportação de petróleo sejam tributadas, segundo o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), também integrante do grupo.
CONSTRUÇÃO
Em relação à construção civil, o deputado Augusto Coutinho (Republicanos-PE) afirmou que o grupo decidiu aumentar o desconto na alíquota geral do setor de 20% para 40%.
Lopes informou que o texto também prevê redução do imposto social para despesas de até 100 mil reais na compra de imóveis e de até 30 mil reais para loteamentos.
Haverá também uma redução social no pagamento de rendas, que também beneficiou de um maior desconto na tributação geral, passando de uma redução de 20% para 60% na alíquota.
Ao analisar a lista de itens com descontos fiscais, os deputados também decidiram retirar a isenção para medicamentos para disfunção erétil masculina, incluindo produtos relacionados à dignidade menstrual, como absorventes internos, entre os itens isentos.
NANOEMPREENDEDORES
Na entrevista, o deputado Moisés Rodrigues afirmou que o relatório do projeto cria um novo benefício para “nanoempreendedores”, como os vendedores porta a porta.
Essas pessoas ficarão isentas da arrecadação do imposto sobre consumo até uma faixa de arrecadação de 40,5 mil reais por ano, equivalente à metade do parâmetro válido para microempreendedores individuais (MEIs).
Segundo Cajado, o relatório do projeto poderá ser votado na Câmara já na próxima semana, que deverá ter como foco principal o debate da reforma tributária. Segundo ele, antes da votação do texto será necessária a aprovação urgente do procedimento.
Os parlamentares informaram ainda que decidiram não criar tributação diferenciada para Fundos de Investimento Imobiliário (FII) e Fundo de Investimento da Cadeia Agroindustrial (Fiagro) porque uma decisão nesse sentido poderia desestimular investimentos no país. Segundo eles, o projeto tornará facultativa a adesão desses recursos ao novo sistema.
Os deputados também optaram por manter a tributação em 40% da alíquota geral da carne bovina, questão que tem sido foco de pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que seja concedida isenção.
Segundo Lopes, qualquer isenção para proteína animal faria com que a alíquota geral ficasse 0,57 ponto percentual acima dos 26,5% previstos pelo governo.
(Por Bernardo CaramEdição de Camila Moreira)
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