Gabrielzinho deveria dar nome ao plenário da Câmara

Na despedida após 21 dias de luta pela vida, o vereador Gabriel Meurer, conhecido como Gabrielzinho, deixou uma última lição entre tantas que marcaram sua breve e marcante passagem pela política de Florianópolis.

Os cinco principais pré-candidatos a prefeito produziram mensagens sobre a perda de um político querido pela cidade, leal aos aliados, respeitoso com os adversários, bem-humorado com todos com quem interagia.

Esta última lição de Gabrielzinho, entre muitas de uma vida marcada pela superação dos próprios limites, é a de uma política feita com posicionamento, mas também com leveza.

A despedida de Gabrielzinho

Quem olha as mensagens do prefeito Topázio Neto (PSD), do deputado estadual Marquito (PSOL), dos ex-vereadores Pedrão Silvestre (PP) e Lela Farias (PT), do ex-senador Dário Berger (PSDB), todos candidatos ao cargo de prefeito em outubro, percebe que o arrependimento é genuíno. Gabrielzinho soube conviver e a política precisa cada vez mais desse atributo.

A polarização nacional entre direita e esquerda e a paixão que leva os mais fanáticos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente Lula (PT) a destruir laços de afeto, amizade, parentesco, nada disso encontra eco no sorriso e nas piadas que o vereador deixou como inspiração na Câmara Municipal de Florianópolis.

Dos quatro pré-candidatos a prefeito, três eram colegas de Gabrielzinho no primeiro mandato como vereador, entre 2017 e 2020 – Marquito, Lela e Pedrão. O trio fez oposição à gestão do então prefeito Gean Loureiro (União Brasil), da qual Gabrielzinho fazia parte da base ou secretário do governo. Adversários, mas não inimigos.

Desde o ano passado, Gabrielzinho disputa com todas as armas à disposição o cargo de vice-prefeito na chapa liderada pela pré-candidatura de Topázio Neto à reeleição.

Ele usou sua popularidade nas redes sociais, o engajamento de seus apoiadores, migrou para o PL do governador Jorginho Mello e reuniu colegas de base do governo de diversos partidos em torno de seu nome. Foi uma disputa ainda indefinida, encerrada pela forte gripe que se transformou em pneumonia e afetou Florianópolis por longos 21 dias de luta pela vida, encerrados na tarde desta segunda-feira.

O carismático diretor da Procon Municipal que foi eleito vereador duas vezes nunca colocou limites ao seu sonho. Tentou ser presidente da Câmara, deputado estadual, vice-prefeito. Ele estava mirando longe. Ele conquistou muito, realizou muito, deixou marcas. Será devidamente homenageado pela cidade que soube cativar.

Até onde Gabrielzinho teria ido se o destino não tivesse interrompido sua jornada? Não saberemos. Porém, deixou um legado de superação de limites com respeito, leveza, carinho e bom humor.

Construindo pontes em vez de muros. Fica a humilde sugestão da coluna: que Gabrielzinho Meurer seja o nome do plenário da Câmara Municipal.