O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou mais uma vez o modelo de funcionamento do Banco Central nesta segunda-feira, 1º. Ao defender a prerrogativa do presidente da República de escolher o chefe do BC, Lula afirmou que a reivindicação por maior autonomia da autarquia se deve à ação do “mercado”. “Quem quer um Banco Central autônomo é o mercado”, disse Lula em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana, na Bahia.
Os ataques de Lula às altas taxas de juros e ao Banco Central não são novidade, mas ele elevou o tom nas últimas duas semanas, quando iniciou uma série de entrevistas em rádios de todo o país. E esses ataques passaram a ser vistos pelos analistas de mercado como um indício de que o presidente interferirá nas decisões do BC assim que seu indicado assumir o comando do órgão, após o fim do mandato de Roberto Campos Neto – o primeiro presidente do BC com mandato e autonomia definidos em lei, que deixará o cargo em dezembro.
Na entrevista à Rádio Princesa, ontem, Lula associou novamente Campos Neto ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “O Banco Central tem que ser propriedade de uma pessoa indicada pelo presidente. Como pode um presidente da República ganhar as eleições e depois não poder indicar o presidente do Banco Central? BC há dois anos Então, não é correto”, queixou-se, acrescentando: “O que está errado é o cidadão ter um mandato e ser mais importante que o Presidente da República.
Depois, disse que teve “paciência” para “aguardar a hora” de indicar um novo presidente do BC. “Vamos ver se conseguimos, com a maior autonomia e decência política do povo, ter um presidente do BC que olhe o Brasil como ele é e não como fala o sistema financeiro”.
‘Imposto enfraquecido’
O diretor de Organização e Resolução do Sistema Financeiro do Banco Central, Renato Gomes, disse ontem que a responsabilidade fiscal é a perna do tripé macroeconômico que “mais enfraqueceu” até agora. Desde 2009, quando o país começou a ter dificuldades em conseguir excedentes primários consistentes, a política fiscal tem sido “inconstante, para dizer o mínimo”, disse ele.
“Ela (a política fiscal) sofre, digamos, de uma falta crônica de credibilidade, e isso reflete em grande parte os resultados decepcionantes que tivemos em muitos desses anos”, disse ele, em transmissão ao vivo do BC para comentar os 30 anos do real. Sem credibilidade na política fiscal, acrescentou, o custo de trazer a inflação para a meta torna-se mais elevado.
O diretor do BC afirmou ainda que é preciso tornar a política fiscal mais anticíclica, ou seja, expansionista quando a economia está fraca e contracionista quando a atividade cresce com mais vigor. (COLORIDO POR CÍCERO COTRIM) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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