O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ignorou ações do Movimento dos Sem Terra (MST) durante seu terceiro mandato e afirmou nesta segunda-feira, 1º, que não há registro de invasões de propriedades rurais no país recentemente. “Já faz tempo que os sem-terra invadem terras neste país”, disse o petista em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana, na Bahia. Para Lula, “os sem-terra optaram por se transformar em pequenos produtores altamente produtivos”. Na cidade, Lula anunciou investimentos
Em seu discurso, o presidente ignorou a ação anual do MST, o chamado Abril Vermelho, em 2024. Há três meses, como o Estadão/Transmissão, o movimento mobilizou um contingente de invasões por todo o país que, no seu auge, atingiu 60 propriedades, em 18 estados diferentes. A organização pediu assentamentos e reforma agrária em áreas que classificou como improdutivas. O MST chegou a invadir um imóvel da Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), e uma segunda área da Codevasf, utilizada pela Embrapa também em Petrolina. Na época, a Embrapa afirmou que as áreas invadidas são destinadas à pesquisa e preservação do bioma Caatinga.
O Abril Vermelho acontece desde 1997 e é comemorado em memória do episódio conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás – em 17 de abril de 1996, 21 integrantes do MST foram mortos durante uma operação de desobstrução de uma rodovia na cidade do Pará.
‘Quieto’
Na entrevista, Lula afirmou que, nos mandatos anteriores, empreendeu uma reforma agrária “pacífica e muito tranquila”, “sem qualquer violência”. “Temos uma Constituição que define como será feita a reforma agrária”, disse o presidente.
Em 2004, porém, durante o primeiro mandato do petista, cinco militantes do MST foram mortos por encapuzados no acampamento Terra Prometida, em Felisburgo (MG). O fazendeiro Adriano Chafik Luedy, dono da propriedade invadida, foi acusado de ser o mandante do massacre.
Há cerca de um mês, cerca de 30 integrantes do MST vandalizaram a sede do PL em São Paulo. Eles usaram tinta vermelha, lama e ovos para atacar a sede do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro no dia 5 de junho. O PL registrou boletim de ocorrência. Segundo o próprio MST em seu site oficial, a ação “visou denunciar o papel do partido e de outras siglas de direita na aprovação do ‘Pacote Destruição’, conjunto de leis que busca flexibilizar a legislação ambiental”.
Agricultura
Logo no início do atual governo petista, as ações do MST aumentaram com a invasão de três fazendas produtivas da empresa Suzano Papel e Celulose (BVMF:) em municípios do sul da Bahia. O fato gerou reação imediata dos setores do agronegócio, acentuando um clima de desconfiança no setor quanto à garantia de segurança jurídica no campo.
Ontem, ao falar sobre o tema da reforma agrária, Lula culpou os bancos por “tirarem terras” do agronegócio, atribuindo o raciocínio ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. “O agronegócio não deve ter medo das ocupações dos sem-terra, porque quem hoje está tomando suas terras são os bancos, que compram o título da sua dívida agrária”, afirmou. “O banco, quando compra um título, é imperdoável, vai atrás e recebe ou toma o terreno”.
Eleição
Na entrevista à rádio baiana, o presidente também voltou às eleições municipais. Lula disse ver chances de o PT vencer a eleição para prefeito de Feira de Santana. O partido será representado na disputa pelo deputado Zé Neto. “Acho que o dia do Zé Neto vai chegar”, disse Lula. O pré-candidato a prefeito concorreu cinco vezes ao cargo, mas não obteve sucesso. “Chega uma hora que as pessoas começam a falar: esse cara é teimoso, esse cara gosta de brigar, esse cara é de pele fina”, acrescentou o presidente. “Espero que dê certo, para que ele possa ser eleito prefeito.”
O principal adversário de Zé Neto nesta eleição é José Ronaldo (União Brasil), que já foi prefeito do município. Lula concedeu entrevista ao lado do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), que também passou parte da vida em Feira de Santana.
O petista foi recentemente condenado ao pagamento de multa de R$ 20 mil por ter pedido votos ao pré-candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) durante o ato de 1º de maio. A propaganda eleitoral antecipada é proibida por lei durante o período pré-campanha. Boulos foi condenado a pagar R$ 15 mil. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
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