O preço à vista encerrou o pregão desta segunda-feira, dia 24, com queda de 0,93%, a R$ 5,3904, após ter tocado R$ 5,3767 em sua mínima da manhã. Foi a segunda sessão consecutiva de queda da moeda norte-americana no mercado local, após ter atingido nesta quinta-feira, dia 20, o maior valor de fechamento desde 22 de julho de 2022. O real, que vem ganhando mais que seus pares recentemente , apresentou hoje um dos melhores desempenhos entre as principais moedas globais.
Com agenda vazia e sem ruídos políticos, os investidores aproveitaram o enfraquecimento do dólar no exterior para promover ajustes, como a realização de lucros e o desmantelamento parcial de posições cambiais defensivas.
Além disso, houve relatos de entrada de recursos de exportadores, que se beneficiaram da valorização da moeda na semana passada.
A piora das projeções de inflação do Boletim Focus e dos dados das contas externas de maio, ambos divulgados pela manhã, foram apenas monitorados, sem impacto relevante na formação da taxa de câmbio. As expectativas para o IPCA voltaram a subir em 2024 (de 3,96% para 3,98%) e em 2025 (3,80% para 3,85%), apesar do Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido na última quarta-feira, 19, a taxa Selic em 10,50% , em decisão unânime.
“O comportamento do mercado de câmbio hoje refletiu mais um ajuste técnico, depois do aumento significativo da semana passada, que teve muita relação com questões internas. E hoje não houve indicador relevante”, afirma a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli.
Para o economista, o mercado pode ficar mais arriscado nos próximos dias, pois absorve uma agenda pesada de indicadores aqui e no exterior. Na terça-feira, dia 25, será divulgada a ata do Copom. Na quarta-feira, 26, é a vez do IPCA-15 de junho. Nos EUA, a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre será divulgada na quinta-feira, 27, e o índice de preços de despesas de consumo (PCE), na sexta-feira, 28.
“Além disso, esta é a última semana do mês. Devemos observar maior volatilidade no mercado de câmbio”, afirma Quartaroli.
A perspectiva é que a rolagem das posições futuras ganhe força no meio da semana, com os investidores já se preparando para a disputa em torno da formação da última taxa ptax para junho, na sexta-feira.
Analistas afirmam que o mercado continua muito sensível aos ruídos políticos, após a nova rodada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na semana passada. A ata do Copom deverá trazer mais detalhes sobre o plano de voo do BC, que no comunicado trouxe um cenário alternativo em que, com a taxa Selic mantida em 10,50% no horizonte relevante da política monetária, a inflação em 2025 permanece em 3,1%, praticamente no alvo.
Há também expectativa de anúncio de medidas concretas para redução de despesas, uma vez que a agenda do Ministério da Fazenda de medidas para aumento de receitas já parece esgotada. À tarde, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2025, senador Confúcio Moura (MDB-RO), deu total apoio ao governo na busca da meta primária de défice zero no próximo ano. O parlamentar se reuniu nesta segunda-feira com Padilha e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“O mercado está cansado de falar e quer algo concreto na área fiscal. Não vejo espaço para queda abrupta do dólar a menos que Brasília traga algo muito bom”, afirma o diretor de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão “Hoje, o Povo acompanhou a queda no exterior, com o desmantelamento da posição de alguns investidores e a ascensão do .”
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