Após ensaiar baixa pela manhã, ao romper o piso dos R$ 5,40, o preço à vista ganhou força ao longo da tarde e encerrou a sessão desta terça-feira, 18, em alta moderada, na casa dos R$ 5,43. Os operadores perceberam movimentos de realização de lucros e busca por posições cambiais defensivas no mercado interno na segunda etapa do negócio.
Há um clima de apreensão com a decisão de amanhã do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Embora a maioria dos economistas acredite na manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano, há receio de divergência na decisão do comitê, com diretores indicados pelo atual governo optando por um novo corte na taxa básica.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou mais uma vez o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e disse que o próximo presidente da autarquia deve ter “o objetivo de crescimento em mente” e não se submeter às pressões do mercado. “O novo presidente do Banco Central será uma pessoa madura, experiente, responsável e que respeita a função que desempenha”, disse o presidente em entrevista à CBN.
Na reunião do Copom de maio, os quatro diretores indicados por Lula votaram pelo corte da Selic em 0,50 ponto percentual, enquanto a maioria (quatro ex-diretores e Roberto Campos Neto) preferiu um corte menor, de 0,25 ponto percentual, para 10,50%. A decisão dividida levou a uma erosão da credibilidade do BC, com os investidores passando a prever uma política monetária mais frouxa a partir de 2025, quando a maioria do comitê será formada por nomes indicados por Lula.
Com máxima de R$ 5,4424 logo após a abertura e mínima de R$ 5,3935 pela manhã, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,23%, a R$ 5,4342, ainda no maior valor de fechamento desde 4 de janeiro de 2023 (R$ US$ 5,4524) Foi a terceira sessão consecutiva de valorização da moeda americana no mercado interno. O dólar já acumula ganhos de 0,97% na semana e de 3,49% no mês.
“O mercado esteve bastante volátil no intradiário. A abertura foi ruim com as declarações do Lula. Mas aí saíram números nos Estados Unidos que derrubaram a taxa dos Treasuries, e o dólar voltou um pouco”, diz o chefe do Tesouro da Travelex Banco, Marcos Weigt, que vê o dólar ainda forte com cautela fiscal e tensão pré-Copom e acrescenta que, com base nas declarações recentes de Lula, não haverá mudança na condução da política fiscal.
No exterior, o índice – termômetro do comportamento do dólar em relação a seis moedas fortes – operou em leve baixa no final da tarde, na casa dos 103,3 mil pontos, após mínima de 105,125 pontos. A moeda americana caiu em comparação com a maioria das moedas emergentes e países exportadores de commodities, sendo exceções o real e o peso colombiano.
As taxas do Tesouro caíram na sequência de um aumento ligeiramente inferior ao esperado nas vendas a retalho nos EUA em Maio, sugerindo que há espaço para a Reserva Federal começar a reduzir as taxas de juro em Setembro. Amanhã, os mercados americanos estarão fechados devido ao feriado de junho, que celebra a emancipação dos afro-americanos escravizados.
Economistas do BTG Pactual (BVMF:) preveem que um dólar forte permanecerá no mundo nos próximos meses, com DXY perto de 106.000 pontos no final do ano. Além da perspectiva de cortes nas taxas de juro nos EUA apenas em Setembro, acreditam que a economia americana continuará a superar os seus pares desenvolvidos, com a Europa abalada por factores geopolíticos e pelo risco fiscal.
Com o dólar forte globalmente e o “fraco”, o desempenho do real fica ainda mais dependente de notícias positivas em relação às contas públicas, afirmam economistas do BTG, que projetam a taxa de câmbio em R$ 5,20 ao final de 2024. “Acreditamos que somente uma melhoria significativa no cenário fiscal prospectivo para o Brasil teria capacidade de retornar o real a negociações próximas a níveis de 5 reais por dólar”, afirmam.
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