Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) – O Ministério de Minas e Energia propõe uma mudança nas regras de operação das termelétricas para permitir que esses empreendimentos ofereçam mais energia ao sistema elétrico nacional em meio à forte seca atual, que tem prejudicado o potencial de geração hidrelétrica e aumento dos custos para os consumidores.
O governo lançou nesta sexta-feira consulta pública à proposta, que busca ampliar os recursos disponíveis no curtíssimo prazo para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) garantir o fornecimento de energia no chamado “serviço de ponta”, principalmente no final das contas, quando a carga energética é alta ao mesmo tempo que um grande volume de usinas solares deixa de gerar.
Na nota técnica divulgada sobre a proposta, o ministério afirma que a situação atual, com a necessidade de utilização de térmicas apenas durante algumas horas do dia, exige maior flexibilidade do parque hidrelétrico existente, que não foi projetado para fornecer energia, mas sim para fazer serviço energético.
Essa questão tem sido levantada por especialistas, que apontam o uso ineficiente das termelétricas, que ficam ligadas por muito mais tempo do que o necessário, e pelo próprio ONS.
“Hoje despachamos um parque herdado, legado, que foi pensado para outro modelo, outra circunstância, de serviço semanal de energia básica. E de repente você precisa desse serviço 4 horas por dia, ligando e desligando todos os dias”, disse o diretor de operações do ONS, Christiano Vieira, em evento no dia anterior.
Para que as centrais possam entregar energia especificamente ao sistema eléctrico, será necessária flexibilidade para o funcionamento “sob diferentes condições”, apontou o governo, uma vez que os projectos funcionam sob condições técnicas definidas e nas regras dos seus contratos actuais.
Pela proposta lançada pelo ministério, as termelétricas existentes poderão oferecer produtos de energia ao ONS, recebendo remuneração apenas se forem acionadas para esse fim.
“Assim, há uma ampliação das possibilidades de atuação desses agentes no cenário atual, inclusive aqueles relacionados às usinas comercializadoras (que não possuem contrato de comercialização de energia vigente)”, diz a nota técnica.
Os agentes termelétricos deverão apresentar ofertas de preços, em reais por megawatt-hora (MWh), e quantidade de produtos de energia ao ONS, que será responsável por “aceitar e programar ofertas de forma competitiva, levando em consideração a minimização de custos”.
A proposta do governo pode interessar a grandes termelétricas, como Eneva (BVMF:) e Petrobras (BVMF:), que vêm buscando recontratar suas usinas que têm contratos vencendo nos próximos anos.
O Brasil passou a realizar leilões específicos para contratação de energia para o sistema elétrico em 2021. As usinas que ganharam contratos neste evento entrarão em operação em 2026. Devido à seca deste ano, o governo decidiu antecipar um dos contratos deste leilão, a de Termopernambuco.
O Ministério de Minas e Energia pretende realizar um novo leilão para contratação de energia ainda este ano, mas até o momento não foram divulgadas as diretrizes finais da licitação.
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