Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O preço à vista fechou em baixa nesta quinta-feira no Brasil, após o declínio quase generalizado da moeda norte-americana no exterior, depois que Pequim prometeu gastar ainda mais para impulsionar a economia da China, o maior comprador de commodities do mundo.
O dólar à vista fechou em queda de 0,59%, cotado a 5,4452 reais. Em setembro, a moeda acumulou queda de 3,39%.
Às 17h03, na B3 (BVMF), o contrato de primeiro vencimento caía 0,55%, a 5,4470 reais na venda.
A moeda norte-americana despencou em relação ao real no início da sessão, depois de os líderes chineses terem prometido “gastos fiscais necessários” para atingir a meta de crescimento económico deste ano de aproximadamente 5%.
Os discursos, que incluíram orientações ao governo para apoiar o consumo das famílias e estabilizar o conturbado mercado imobiliário, foram feitos em leitura oficial na reunião mensal das principais autoridades do Partido Comunista, o Politburo. A reunião de Setembro não é tipicamente um fórum para discussões macroeconómicas, sugerindo uma ansiedade crescente relativamente à desaceleração da taxa de crescimento da China.
Esta promessa somou-se à série de medidas anunciadas pela China na última terça-feira para impulsionar a economia.
O movimento na China deu força às moedas dos países exportadores de commodities, como o Brasil, e os preços do dólar despencaram. Às 9h07, logo após a abertura, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,4051 reais (-1,32%).
“A China é o maior parceiro comercial do Brasil e, com o crescimento da economia chinesa, o país tende a importar mais commodities brasileiras, injetando mais dólares no mercado local e contribuindo para a valorização do real frente à moeda norte-americana”, afirmou. Bruno Nascimento, analista de câmbio da B&T Câmbio, em comentário enviado aos clientes.
“Além disso, esses estímulos reduzem a aversão ao risco global, o que fortalece as moedas dos mercados emergentes.”
Durante o resto da sessão, o dólar recuperou algum dinamismo, atingindo um máximo de 5,4564 reais (-0,38%) às 14h23, mas a influência da China garantiu o fecho negativo. No exterior, o dólar manteve-se em baixa frente a uma cesta de moedas fortes e frente às moedas dos países emergentes. Às 17h06, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta ponderada de seis moedas – caía 0,40%, para 100,540.
Com a forte influência da China nos preços, a divulgação do Relatório de Inflação do Banco Central pela manhã e a entrevista com o presidente do município, Roberto Campos Neto, em São Paulo, ficaram em segundo plano.
No documento, o BC melhorou sua projeção de crescimento econômico em 2024, de 2,3% para 3,2%. No entanto, informou que espera um ritmo de crescimento mais lento no segundo semestre de 2024 e ao longo de 2025, ano para o qual o município projeta um crescimento de 2,0%.
Campos Neto afirmou que o recente aumento dos prêmios na curva futura brasileira pode ser explicado pela percepção de menor transparência fiscal por parte do governo. Porém, segundo ele, a situação do Brasil não é tão ruim se comparada a outros países. Na terça ele já havia afirmado que houve um “exagero” na curva.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional oferecidos em leilão para rolarem para o vencimento em 1º de novembro de 2024.
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