Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – A moeda disparou frente ao real nesta segunda-feira, enquanto investidores fazem ajustes após a “euforia” da semana passada com o aumento do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, demonstrando aversão ao risco antes da divulgação de mais dados de inflação de ambos os países nos próximos dias.
Às 9h43, o dólar à vista subia 1,01%, a 5,5770 reais na venda. Na B3 (BVMF), o contrato de primeiro vencimento subiu 0,78%, a 5,566 reais na venda.
Nesta sessão, o dólar se recuperou fortemente das perdas acumuladas na semana passada, quando o início de um ciclo de flexibilização monetária no Federal Reserve, somado à alta da Selic, elevou a cotação do real frente à moeda norte-americana, que atingiu 5,42 reais, menor valor em um mês.
O aumento do diferencial de taxas de juros entre Brasil e EUA, que deverá aumentar ainda mais nos próximos meses com as próximas decisões de política monetária, torna a moeda brasileira mais atrativa para investidores estrangeiros, que a utilizam em operações de “carry trade” .
No entanto, o mercado vem fazendo ajustes nas posições desde sexta-feira, ao mesmo tempo em que aumenta os temores sobre a dinâmica da inflação brasileira e o cenário fiscal e opta por movimentos defensivos antes de uma nova bateria de dados econômicos esta semana.
Na sexta-feira, o dólar à vista fechou o dia em alta de 1,84%, cotado a 5,521 reais, encerrando uma sequência de sete sessões consecutivas de perdas.
“Houve uma certa euforia com o corte do Fed, embora amplamente esperado, e acho que isso está se dissipando”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
“E hoje acho que o grupo está em prontidão defensiva, aguardando o calendário da semana, o que é importante”, acrescentou.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na sexta-feira que “não há razão objetiva” para os recentes movimentos do mercado, após uma sessão ruim para os ativos brasileiros em geral.
Ao longo desta semana, os mercados globais aguardam comentários dos responsáveis da Fed, incluindo o presidente Jerome Powell, e números do índice de inflação PCE, a serem divulgados na sexta-feira, para novos sinais sobre a trajetória das taxas de juro nos EUA.
No cenário nacional, os agentes financeiros voltarão suas atenções para a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária, na terça, e para os dados do IPCA-15, na quarta.
Mais cedo, economistas consultados pelo Banco Central na pesquisa Focus começaram a ver a Selic em patamar mais elevado no final deste ano, a 11,50%, ante 11,25% da semana anterior. A expectativa é que haja alta de 50 pontos-base na próxima reunião do Copom.
No cenário externo, por outro lado, o dólar perdeu frente aos pares emergentes do real, recuando frente ao , ao e ao .
O desempenho da moeda norte-americana nos mercados emergentes ocorre na esteira das expectativas de novos estímulos econômicos por parte da China, maior importador de matérias-primas do planeta, que beneficiariam os países exportadores de commodities.
O – que mede o desempenho da moeda dos EUA em relação a uma cesta de seis moedas – subiu 0,19%, para 100,970.
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