Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – A moeda fechou terça-feira com forte alta frente ao real, mais de 1%, acompanhando o avanço da moeda norte-americana frente a outras moedas de exportadores de commodities no exterior, após a divulgação de dados econômicos fracos chineses.
O dólar à vista fechou em alta de 1,32%, cotado a 5,6552 reais. Em setembro, a moeda acumulou alta de 0,34%.
Às 17h06, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento subia 1,14%, a 5,665 reais na venda.
A moeda norte-americana oscilou em baixa frente ao real no início do pregão, mas ainda na primeira hora de negócios se estabeleceu em território positivo, acompanhando a tendência externa. Por trás do movimento estavam os temores em torno da economia da China, maior compradora de commodities do mundo e um dos principais destinos dos produtos brasileiros.
O país asiático informou nesta terça-feira que suas importações cresceram apenas 0,5% em agosto, abaixo da expectativa de aumento de 2% e do aumento de 7,2% em julho, o que impactou negativamente os preços de – um dos principais itens da agenda de exportações brasileira . Eles também sofreram perdas firmes.
“O cenário global de incerteza persiste e a queda nas importações chinesas pressiona os preços das commodities, afetando as economias emergentes”, disse Diego Costa, chefe de câmbio da B&T Câmbio, em comentário enviado a clientes. Ele chamou a atenção para o avanço constante do dólar frente às moedas dos países emergentes.
Nesse cenário, após registrar cotação mínima de 5,5692 reais (-0,22%) às 9h04, logo após a abertura, o dólar à vista subiu para máxima de 5,6688 reais (+1,56%) às 15h15.
No caso específico do Brasil, a valorização do dólar também foi apoiada pela percepção de que o Banco Central aumentará a Selic em 25 pontos base na próxima semana – e não em 50 pontos base. A Selic está atualmente em 10,50% ao ano.
Pela manhã, antes da abertura dos negócios, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA teve deflação de 0,02% em agosto, após inflação de 0,38% em julho. Foi a primeira taxa negativa desde junho de 2023 (-0,08%). O resultado ficou abaixo das expectativas de uma pesquisa da Reuters com economistas, de inflação de 0,01%. Nos 12 meses até agosto, o IPCA acumulou alta de 4,24%, ante 4,50% de julho e expectativa de 4,29%.
Os números benignos do IPCA, na visão de um profissional ouvido pela Reuters, reforçaram as expectativas de alta de apenas 25 pontos-base na Selic, o que retirou parte do suporte ao real durante a sessão.
Na verdade, a curva de juros brasileira começou a precificar nesta terça-feira chances ainda maiores de alta de 25 pontos-base na Selic, com probabilidade reduzida de alta de 50 pontos-base.
No exterior, no final da tarde, o dólar continuou a subir de forma constante em relação às moedas pares do real, como o eo. No entanto, o dólar esteve próximo da estabilidade face a moedas fortes.
Às 17h22, o O – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas fortes – caía 0,03%, para 101,620.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional oferecidos em leilão para rolagem do vencimento em 1º de novembro de 2024.
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