Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – O mercado fechou em alta nesta quinta-feira, apoiado no avanço da Vale, apesar da queda dos contratos futuros na China, com agentes financeiros aguardando dados que possam ajudar a orientar as apostas em um esperado corte de juros nos Estados Unidos.
Índice de referência para a bolsa brasileira, o Ibovespa subiu 0,29%, para 136.502,49 pontos, tendo registado 135.959,32 pontos na mínima e 136.656,04 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou apenas 18,1 bilhões de reais.
Os dados divulgados nesta sessão reforçaram as perspetivas de que a Reserva Federal deverá anunciar uma redução das taxas de juro no dia 18, mas é o relatório do governo sobre o mercado de trabalho agendado para sexta-feira que deverá definir as apostas sobre a magnitude do corte. — 0,25 ou 0,50 pontos percentuais.
No mercado norte-americano, fechou em queda de 0,30%, refletindo alguma cautela em relação aos dados, pois também poderá alimentar receios sobre uma desaceleração mais pronunciada na maior economia do mundo. O rendimento do Tesouro de 10 anos foi de 3,7269%, acima dos 3,768% do dia anterior.
Segundo a gerente de renda variável do Fator, Isabel Lemos, como os dados norte-americanos são geralmente mais fracos do que o esperado, o mercado já assume que o Fed reduzirá as taxas de juros neste mês – atualmente na faixa de 5,25% a 5,50%.
Ela destacou a entrada líquida de capital estrangeiro na Bolsa de Valores de São Paulo em agosto como reflexo dessa expectativa, mas também chamou a atenção para a perspectiva de que o Banco Central do Brasil poderá aumentar a taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
Desde o mês passado, um número crescente de economistas tem revisado suas previsões para contemplar um aumento na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, em meio a preocupações com pressões inflacionárias, já que a economia brasileira apresenta números mais fortes.
Na visão de Lemos, num momento de mudança no comando do BC, um aumento da Selic poderia agregar um grau de confiança em relação à política econômica, sinalizar compromisso com a meta de inflação, com eventual efeito positivo na curva de juros, com queda em taxas longas, o que é benéfico para as ações.
O gestor chamou ainda a atenção para os resultados das empresas na última época de reporte, com a maioria a apresentar números positivos, o que endossa um cenário favorável dado que os múltiplos são baixos. “Isso corrobora a visão de que o mercado de renda variável é atrativo.”
DESTAQUES
– VALE ON (BVMF:) fechou em alta de 0,72%, mesmo com os contratos futuros de minério de ferro na China caindo pela quinta sessão consecutiva. O contrato mais negociado na Bolsa de Commodities de Dalian encerrou o dia com queda de 2,58%, a 678,5 iuanes (US$ 95,58) por tonelada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira que espera fechar até o início de outubro um acordo com a Samarco e suas parceiras, Vale e BHP, para reparação e indenização pelos rompimentos das barragens de Mariana e Brumadinho (MG).
– IRB (BVMF:)(RE)ON avançou 6,14%, recuperando-se da queda de mais de 6% da véspera, e mantendo o rali desde a divulgação do balanço do segundo trimestre em meados de agosto, com ganhos acumulados no período em quase 60%. Ao incluir as ações em sua carteira small cap de setembro, estrategistas do BTG Pactual (BVMF:) afirmaram que os resultados do segundo trimestre ajudaram a reduzir os riscos da tese e que os dados operacionais de julho devem indicar tendências positivas.
– MRV&CO ON (BVMF:) subiu 5,99%, em mais uma sessão de alívio nas taxas de juros futuras, com o índice do setor imobiliário apresentando alta de 0,42%. Além disso, analistas do Bank of America (NYSE:) reforçaram a recomendação de “compra” para as ações da MRV&Co, com preço-alvo de 15 reais, citando expectativas de geração de caixa no segundo semestre do ano, o que poderia gerar “impulso” para o Ação.
– AZUL PN (BVMF:) caiu 3,91%, ainda pressionada por preocupações com o endividamento da companhia aérea e potenciais alternativas no radar da empresa. A BlackRock (NYSE :), em nome de alguns de seus clientes, vendeu ações da Azul e agora suas participações caíram para o equivalente a menos de 5% das ações preferenciais da empresa.
– BRAVA ENERGIA ON caiu 1,74%, após a petroleira, anteriormente conhecida como 3R (BVMF :), anunciar que a produção do campo Papa Terra foi interrompida na quarta-feira a pedido da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de informações sobre os sistemas operacionais da plataforma.
– PETROBRAS PN (BVMF:) caía 0,62%, à medida que os preços perdiam força no mercado internacional. O barril de , utilizado como referência pela empresa, fechou praticamente estável, a 72,69 dólares.
– ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:) subiu 0,64%, BRADESCO PN (BVMF:) avançou 0,88% e BANCO DO BRASIL EM (BVMF:) aumentou 0,9%, enquanto SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:) caiu 0,57%.
– PAGBANK e STONECO, negociados em Nova York, caíram 8,49% e 6,42%, respectivamente, após o Morgan Stanley (NYSE:) cortou a recomendação para ambas as ações para “underweight”, com forte redução nos respectivos preços-alvo, avaliando que o “mercado de pagamentos digitais no Brasil está saturado”. No caso do PagBank, o preço-alvo passou de 15,80 para 6,50 dólares, enquanto o StoneCo (NASDAQ:) passou de 17,80 para 7 dólares.
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