Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – O Itaú Unibanco (BVMF:) aposta em seu universo próprio de clientes para pelo menos dobrar suas operações voltadas às micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) nos próximos anos, após o segmento encerrar o primeiro semestre de 2024 com uma carteira de crédito em torno de 200 bilhões de reais.
“Queremos, pelo menos, dobrar essa operação nos próximos anos”, disse André Rodrigues, diretor de Pequenas e Médias Empresas do Itaú Unibanco, em entrevista à Reuters. “Imaginamos que até 2027, esse é um pouco do horizonte que temos trabalhado, isso poderá acontecer”, estimou.
Segundo o executivo, a base no segmento PME já soma 1,7 milhão de clientes, mas há um público potencial de 2 milhões de clientes que já possuem algum relacionamento com o Itaú, o que permite uma abordagem mais “cirúrgica”. “Nosso objetivo é atingir algo em torno de 2,5 milhões de clientes neste horizonte temporal”.
Um exemplo desse cliente é um médico que tenha relacionamento individual com o serviço Personnalité ou Uniclass, mas também tenha consultório, ou um advogado na mesma situação que tenha escritório, ou um varejista que utilize apenas o serviço de compras da Rede, entre outros exemplos.
“Temos um universo de clientes dentro dessa massa endereçável, muitos deles altamente vinculados ao Itaú… A abordagem está sendo desenhada para focar nesse público”, disse, estimando um mercado-alvo total em torno de 5,5 milhões a 6 milhões.
Esse prognóstico é baseado no desenvolvimento da área nos últimos 10 anos, que incluiu a criação de um modelo de gestão de risco de crédito, a segmentação/regionalização da operação, incluindo a abertura de hubs regionais, a capacitação de profissionais e o desenvolvimento de uma rede de crédito metodologia de gestão. trabalhar.
Segundo Rodrigues, a partir de 2021 o segmento começará a ter um crescimento “muito” forte. De 2019 até hoje, afirmou, a carteira de crédito de varejo das PMEs (empresas com faturamento anual entre 200 mil e 50 milhões de reais) quadruplicou. “É um crescimento muito importante.”
Segundo os números divulgados nos balanços do Itaú, em 2019, a carteira das MPME totalizou 85,8 bilhões de reais. Ao final do segundo trimestre deste ano, totalizava 198,2 bilhões de reais. O chamado “varejo PME” representa mais ou menos metade da carteira.
No setor, o Bradesco (BVMF:) encerrou o segundo trimestre com uma carteira PME de 184,065 bilhões de reais, enquanto o Banco do Brasil (BVMF:) tinha 121,814 bilhões de reais e o Santander Brasil (BVMF:) registrou 70,922 bilhões de reais.
Segundo Rodrigues, o Itaú deveria fazer esse movimento para duplicar a operação, “pelo menos preservando a rentabilidade…talvez até melhorando a margem, já que grande parte do investimento estrutural já foi feito”.
Para o executivo, a concorrência no setor, quando racional e sustentável, não causa problema do ponto de vista da rentabilidade. E estratégias ainda mais agressivas muitas vezes não prejudicam a rentabilidade, mas podem afetar a tendência de crescimento.
“Já fizemos isso no passado, para preservar a qualidade do que estamos fazendo, às vezes temos que tirar o pé do acelerador… para não entrarmos numa guerra que não faz sentido porque é não sustentável”, argumentou.
Para Rodrigues, a necessidade de “completude” desse cliente o coloca à frente dos bancos digitais, que podem ter atendimento limitado às necessidades desse segmento, enquanto a “fórmula Coca-Cola” na gestão de crédito desenvolvida nestes 10 anos o diferencia em relação a titulares.
Ele também destacou o desenvolvimento do capital humano para esse tipo de operação e a decisão de regionalização como diferenciais do Itaú.
Mesmo o cenário macro não é visto pelo executivo como um possível forte obstáculo para a operação. “Pode haver uma calibração da inclinação da curva, o que considero natural, mas hoje temos conhecimento proprietário da base de clientes para continuar a crescer seletivamente.”
Falando do cenário atual, disse que a carteira deve, pelo menos, manter o atual ritmo de crescimento.
De olho nesse mercado, o Itaú lançou no mês passado uma nova campanha para reposicionar a marca do Itaú Empresas, unidade de negócios focada em atendimento e assessoria para PMEs, que também conta com o ex-jogador Ronaldo Nazário para apresentar cases de sucesso de clientes do banco.
Em julho, apresentou um aplicativo Itaú Empresas “mais ágil”, com interface simples e usabilidade intuitiva. Uma das novidades foi a facilitação da transição entre o app Itaú Empresas e o app Itaú para clientes pessoa física, com integração e redirecionamento do primeiro para o segundo.
(Por Paula Arend Laier)
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