A Eneva (BVMF:), uma das principais produtoras de gás natural do Brasil, está de olho no próximo LRCAP (Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Energia). O evento, que tem como objetivo a contratação de energia de usinas para garantir o fornecimento de energia elétrica no país, ainda não tem data para ser realizado.
Segundo Marcelo Lopes, diretor executivo de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva, a empresa acredita ter boas chances na disputa com térmicas que estão com contrato a vencer. Ele defende que o leilão seja realizado o mais breve possível, ainda em 2024, para garantir a segurança energética do país nos próximos anos.
A urgência se deve ao tempo de entrada em operação dos projetos, que varia de 3 a 4 anos. Para que uma nova térmica entre em operação em 2027 ou 2028, ela precisa ser contratada em 2024. E até 2027, diversos ativos térmicos que atualmente são despachados para o sistema terão seus contratos encerrados.
“O sistema tem se expandido cada vez mais com fontes intermitentes, que são a eólica e a solar. E para cumprir os requisitos de segurança, é necessário que haja uma percentagem de energia despachável que o operador possa controlar. Mas como teremos muitas termelétricas com contratos encerrados até 2027, se não tivermos um novo contrato, esses ativos poderão entrar em hibernação”, diz.
Lopes chama a atenção para o fato de o sistema elétrico ter acionado cada vez mais usinas térmicas, seja para dar estabilidade ao sistema com o avanço das energias renováveis, seja para preencher a lacuna deixada pelas hidrelétricas devido ao forte período de seca em 2024.
“Desde junho, o ONS utiliza termelétricas para atender a demanda de energia. E agora isso está ficando mais crítico porque a hidrologia está muito ruim. Então estamos preocupados se o leilão não acontecer este ano, para iniciar as operações em 2028, porque se vier outra crise hídrica poderemos precisar de um leilão emergencial, o que não é o ideal”ele afirmou.
A Eneva é uma empresa integrada de energia. No segmento de produção, opera 14 campos de gás natural nas bacias do Parnaíba (MA) e Amazonas (AM), totalizando uma área de concessão de mais de 63 mil km².
Na área de geração, a empresa possui usinas térmicas com 5,9 GW de capacidade nos estados do Maranhão, Ceará, Sergipe e Roraima. Recentemente, anunciou a compra de 6 termelétricas do BTG Pactual (BVMF:) totalizando 0,8 GW de capacidade no Espírito Santo.
Marcelo Lopes afirma que a Eneva possui 1 GW em usinas que serão descontratadas, como as térmicas Parnaíba 1 e 3, que têm contrato de fornecimento até 2027. Em 2026, os contratos com as térmicas recentemente adquiridas em Linhares, Viana e Povoação vai acabar. .
A empresa também planeja ampliar seu parque gerador em Sergipe, com investimento para ampliar sua capacidade energética em 1,5 GW. “Estes são os nossos projetos prioritários que acreditamos serem competitivos para o leilão”diz.
O executivo da Eneva critica as tentativas de entrada no leilão feitas por outras fontes, como tecnologias de baterias, que afirma ainda não estarem suficientemente maduras, ou mesmo hidrelétricas, dados os riscos de abastecimento em períodos de seca.
“Estamos preocupados com outros segmentos que querem entrar nesse leilão, que é obter segurança diante da baixa confiabilidade e intermitência de outras fontes. Seria inconsistente incluir fontes que não entregam essa confiabilidade neste leilão”ele afirma.
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