O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou as nomeações políticas na cúpula da Petrobras (BVMF:). As nomeações patrocinadas por ministros e lideranças do PT e da FUP (Fedação Única dos Petroleiros), também ligadas ao partido, começaram durante a gestão de Jean Paul Prates na estatal, mas ganharam força sob o comando de Magda Chambriard .
Desde o retorno do petista ao Palácio do Planalto, pelo menos 34 mudanças foram feitas em cargos importantes de empresas petrolíferas por nomes mais alinhados ao governo. Isso inclui gestão estratégica nas áreas de exploração, engenharia e transição energética e comitês de assessoramento à Presidência e ao Conselho de Administração.
A lista de exchanges foi publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo e verificado por Poder360. Dos nomes, 22 foram indicados na era Prates, entre membros de conselhos de administração e diretorias executivas. Outros 12 ingressaram na gestão de Magda Chambriard desde o final de maio de 2024, incluindo a própria presidente, indicada por Lula e pelo ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia). O executivo tem salário de R$ 133,1 mil mensais.
O ministro mineiro é quem tem mais patrocínio na estatal: pelo menos 16. Além da própria Magda, no início do governo Lula, ele nomeou 3 membros para o conselho de administração da estatal : Pietro Mendes (presidente do conselho), Vitor Saback e Renato Galuppo. Os 2 primeiros são secretários do MME e Galuppo já atuou nas campanhas eleitorais de Silveira como advogado. Cada um deles recebe R$ 22.240 mensais, além de outros benefícios.
Silveira também colocou na estatal uma série de nomes conhecidos de Minas Gerais, como Eugênio Tiago Chagas (com salário de R$ 41.441), que é genro do ex-senador e ex-vice-presidente. governador de Minas Gerais Clésio Andrade; e Fábio Veras (salário de R$ 55.255), ex-presidente do Conselho de Tecnologia e Inovação da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais). Ambos estão no Comitê de Auditoria.
Outro ministro com nomeações na estatal é Rui Costa (Casa Civil). Ele tem Bruno Moretti, secretário de seu ministério que faz parte do Conselho Diretor. E nomeou recentemente o ex-secretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Wellington César Lima, para a gestão Jurídica da Petrobras.
Com a queda de Prates após uma fritada pública feita por Rui e Silveira e a posterior nomeação de Magda, as trocas políticas continuaram. O novo CEO substituiu 3 diretores executivos, cada um com salário de R$ 126,8 mil.
Também criou uma nova gestão a ela vinculada para realizar “projetos estruturantes”. São, na prática, obras da estatal que estão no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Ele indicou Wagner Victer, ligado ao PT no Rio, para o cargo. Atuou nos governos Anthony Garotinho e Sérgio Cabral no Rio de Janeiro e trabalhou com Magda na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Muitas das nomeações feitas por Magda Chambriard não têm um patrocinador político claro. Há funcionários da Petrobras que já ocuparam cargos de liderança durante a gestão de Graça Foster (2012-2015), como a diretora Renata Baruzzi (Engenharia) e o gerente Mário Jorge da Silva (Estratégia e Planejamento). Outro nomeado recentemente é Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete de Dilma Rousseff na Presidência.
Além do governo, quem mais ganhou força dentro da estatal na atual gestão é a FUP, federação dos sindicatos dos petroleiros filiada à CUT (Central Única dos Trabalhadores) e ligada à o PT.
São pelo menos 3 nomes ligados à federação nomeados recentemente para a gestão da Petrobras: Rodrigo Leão, Eduardo Pinto e William Nozaki. Este último foi coordenador da assessoria especial do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na gestão Aloizio Mercadante.
No final de agosto, a FUP tentou libertar-se da sua expansão dentro da petrolífera estatal. O sindicato chegou a publicar nota contra editorial de Folha de S.Pauloque dizia que as estatais – a Petrobras é citada nominalmente – servem de cabaz aos aliados do governo.
A lista de mudanças políticas na estatal tende a ser ainda mais longa, uma vez que não há transparência nas nomeações para cargos de 3º e 4º nível, como gestão regional e assessores especiais.
Os bancos de investimento divulgaram relatórios alertando sobre fraude política na empresa estatal. O Citi Bank afirmou que existem “bandeira amarela” nas ações da empresa devido à rotatividade de executivos no topo da administração, com 35% de variações em agosto.
UBS BB disse que vê nas ações “uma deterioração na governação” da empresa. Cita em especial as nomeações políticas no Comitê de Auditoria, responsável por auxiliar no monitoramento e avaliação de riscos relacionados a assuntos que envolvam interesses governamentais.
O que dizem a Petrobras e o governo
O governo, por meio do Ministério de Minas e Energia, informou que “a Petrobras tem governança própria e este departamento não participou de nenhuma indicação ou veto para cargos de diretoria e na estrutura de gestão da petroleira”.
“Além disso, não cabe a este ministério indicar os representantes das comissões. Todas as indicações e aprovações para os comitês da Petrobras são única e exclusivamente de responsabilidade do Conselho de Administração. Vale ressaltar que os membros dos comitês e conselhos foram avaliados de forma independente e aprovados no BCI (Background Integrity Checking) e no BCG (Background Management Checking), que avaliam se a experiência está de acordo com os regulamentos da Companhia e com os requisitos estabelecidos pela legislação e o estatuto da empresa”, diz a nota do MME.
Questionada também sobre as trocas promovidas, a Petrobras não respondeu até a publicação deste texto. O espaço permanece aberto.
A FUP também foi procurada pela reportagem e ainda não respondeu. O espaço para manifestação está aberto.
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