Quase cinquenta anos depois da criação do Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT), o mercado de benefícios vive atualmente um dos seus momentos mais tensos com conflitos entre novas empresas e as chamadas “ticketeiras”. De um lado, estão nomes conhecidos da geração Z, como iFood, Swile, Flash e Caju. Do outro, as tradicionais Ticket, VR, Alelo e Pluxee (antiga Sodexo).
No último mês, as disputas ganharam novos capítulos tanto na Justiça quanto no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), enquanto o mercado espera o governo regulamentar um decreto de 2021 que prometia mais flexibilização ao setor.
De acordo com o Transmissão(sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o Cade estabeleceu, há cerca de um mês, procedimento preparatório para apurar se Ticket, VR, Alelo e Pluxee praticam o chamado “desconto”. A denúncia foi apresentada por Swile e Caju, que acusam empresas tradicionais de fecharem contratos com departamentos de Recursos Humanos das empresas oferecendo vantagens indevidas.
“Hoje o mercado oferece essas vantagens de outra forma, com recompensas, planos de saúde, academias, nutricionistas. .
A prática foi chamada de “desconto” porque o financiamento para essas vantagens viria das taxas abusivas que as bilheterias cobram dos restaurantes credenciados. Quando um estabelecimento aceita o vale-refeição, é obrigado a pagar uma percentagem como se estivesse a utilizar um cartão de crédito normal.
A cobrança abusiva da taxa, porém, estaria ligada ao fato de as empresas tradicionais operarem sob um modelo de regime fechado, em que elas próprias controlam esses percentuais, que hoje podem chegar a 5% segundo fontes. As preferidas da geração Z operam com bandeiras em regime aberto, como Visa, Elo e Mastercard. Nesse modelo, eles não têm controle sobre as taxas cobradas, que seguem o padrão de mercado, em torno de 2%.
Consulta contra iFood
Apesar de criticar o “desconto”, o iFood não assinou, junto com Swile e Flash, a representação ao Cade. A própria empresa também é investigada pelo órgão devido a uma denúncia da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios a Funcionários (ABBT), que fala em nome das empresas tradicionais.
A investigação, que já tinha alguns pontos arquivados, foi prorrogada no dia 15 de julho. A investigação pendente busca entender se o iFood estaria dando preferência ao cartão de benefícios próprio no aplicativo de delivery.
Para o Transmissãoa empresa afirmou que “respondeu a todas as solicitações do Cade e forneceu ativamente informações para auxiliar nas investigações”. Além disso, afirmou que adota o mesmo tratamento para todos os meios de pagamento.
Os problemas eventualmente gerados pelos cartões em regime fechado seriam decorrentes da velocidade de processamento das bandeiras, segundo o relatório.
Posição da bilheteria
Em nota, a Ticket informou que não está sob investigação e que o Cade iniciou uma avaliação geral do mercado de benefícios, com base em argumentos de empresas terceirizadas. Disse que “já apresentou todos os esclarecimentos necessários ao município” e que está em total cumprimento da legislação.
A Alelo afirmou que atua e valoriza o cumprimento das regulamentações do PAT.
A Pluxee disse ainda que atua de acordo com a legislação e já apresentou os esclarecimentos necessários ao órgão, “demonstrando a inveracidade das alegações feitas”.
VR não fez comentários no momento da redação deste relatório.
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