Dólar fecha com alta de quase 1% após Galípolo ser confirmado no comando do BC Por Reuters

Por Fabrício de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – A cotação à vista fechou a quarta-feira em forte alta frente ao real, perto de 1%, impulsionada pelo avanço da moeda norte-americana no exterior e por um movimento de expansão no mercado interno durante a tarde devido à confirmação de que Gabriel Galípolo será indicado pelo governo para a presidência do Banco Central.

O dólar à vista fechou em alta de 0,98%, cotado a 5,5565 reais. Em agosto, porém, a moeda acumulou queda de 1,76%.

Às 17h04, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento subia 0,89%, a 5,5580 reais na venda.

A moeda norte-americana apresentou valorização frente ao real desde o início da sessão, acompanhando o avanço da moeda norte-americana frente a outras moedas do exterior, inclusive de países emergentes. Por trás disto esteve um movimento para reconstruir as posições em dólares no exterior e cautela antes da divulgação de dados económicos importantes dos EUA para o resto da semana.

Durante a tarde, porém, o dólar acelerou seus ganhos frente ao real, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar que Galípolo será nomeado para a presidência do BC, substituindo Roberto Campos Neto a partir de 2025.

Atual diretor de Política Monetária do BC, Galípolo precisará passar por sabido na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e ser aprovado pelo plenário da Câmara, que fará um esforço concentrado de votação na primeira semana de setembro, em meio de campanhas eleitorais.

A nomeação de Galípolo para chefiar o BC já era bastante esperada pelo mercado, mas após a confirmação trazida por Haddad, as taxas DI (Depósitos Interfinanceiros) renovaram os picos do dia.

Termômetro do nervosismo do mercado, o dólar também acelerou frente ao real. A moeda à vista atingiu a cotação máxima de 5,5656 reais (+1,14%) às 16h38, já na reta final dos negócios e refletindo o anúncio sobre o Galípolo.

Posteriormente, a moeda perdeu um pouco de força, mas ainda assim encerrou o dia com forte alta frente ao real, que perdia mais que vários pares no exterior.

Às 17h11, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas fortes – subia 0,51%, para 101,110.

Pela manhã, o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, voltou a falar sobre a lógica da atuação da instituição no mercado de câmbio. Segundo ele, o fato do câmbio no Brasil estar flutuando não significa que o BC nunca intervirá no mercado. Porém, as intervenções só são feitas em caso de disfunções.

“Chegamos muito perto de fazer uma intervenção cambial em alguns momentos”, reconheceu Campos Neto.

Na manhã desta quarta-feira, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão com o objetivo de rolar o vencimento de 1º de outubro de 2024.

À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial negativo total de 3,534 bilhões de dólares em agosto até o dia 23, com saídas líquidas de 4,029 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas de 494 milhões de dólares pelo canal comercial.