(Reuters) – O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira que a autoridade da autoridade considerou, debateu e esteve muito perto de intervir no câmbio, mas considerou que tal ação poderia ter um efeito contraproducente .
Em evento promovido pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, Galípolo disse que o BC não quer passar a ideia de que não está analisando qualquer necessidade de intervenção, reafirmando que a autoridade monetária só atua nessa área se detectar disfuncionalidades no o mercado, não perseguindo um certo nível de .
“Pensamos, debatemos e chegamos muito perto de intervir no câmbio, porque a ideia de disfuncionalidade não diz respeito exclusivamente à métrica de falta de liquidez, mas também ao descolamento de pares e descolamento de fundamentos”, disse.
“E por esses parâmetros vimos movimentos bastante relevantes, mas acho que já era hora de, por idiossincrasia, talvez uma intervenção pudesse ser contraproducente pelo sinal enviado ao mercado.”
O dólar tem experimentado grande volatilidade nas últimas semanas, em meio a incertezas globais, incluindo temores de recessão nos Estados Unidos, algo que se dissipou mais recentemente, levando a um processo de acomodação cambial.
Galípolo acrescentou que as reservas cambiais do Brasil fazem parte de uma conquista estrutural que proporciona conforto e coloca o país em uma posição mais favorável para enfrentar os desafios.
INTERPRETAÇÃO
Naquela que foi sua segunda apresentação do dia, na FGV, Galípolo afirmou que suas falas em evento anterior na PUC-RJ geraram ruídos de interpretação e afirmou que não está sancionando nem as expectativas para a Selic presentes no Focus nem as precificadas em curva de juros.
“Na repercussão (da minha fala) é dito exclusivamente que eu não estava sancionando os preços que estão na curva ou nas opções, mas a minha frase foi que não estou sancionando nem as expectativas do Focus nem o que está na curva ou em as opções”, disse ele.
Sobre itens que podem influenciar a política monetária, Galípolo afirmou que um fator que aumenta o “medo” do BC é a atividade econômica, que tem se mostrado sistematicamente resiliente, o que sugere maior cautela.
Ao defender que o município persiga a meta de inflação de 3%, ele disse que o BC tem um instrumento e vai utilizá-lo para perseguir a meta, antes de reafirmar que está em cima da mesa um aumento dos juros básicos, se necessário.
O diretor afirmou ter recebido “memes” que zombavam de uma espécie de divisão entre ele e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e acrescentou que os membros da autoridade monetária precisam trabalhar para preservar a institucionalidade da autarquia e evitar a polarização.
Galípolo disse que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem demonstrado “zelo” em preservar essa institucionalidade.
Cotado para substituir Campos Neto no comando da autarquia, ele também voltou a dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “sempre garantiu liberdade e plena autonomia” aos dirigentes do BC.
(Por Victor Borges)
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