Investing.com – Mesmo risco com melhor eficiência tributária e lucratividade. É com essa avaliação que a gestora Valora Investimentos, especializada em crédito privado, anunciou a migração de alguns fundos de crédito estruturados para FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), que realizam aplicações em títulos de crédito constituídos a partir de contas a receber de determinada entidade.
A estratégia visa alavancar a rentabilidade dos ativos e proporcionar condições mais vantajosas aos investidores, sem alterações no mandato e no risco das carteiras, afirmou a empresa. A migração será dos seus fundos da família Guardian de “FIC FIMs”, após aprovação dos investidores, sendo que os fundos desta estratégia contam com cerca de 10 mil cotistas e totalizam mais de R$ 2,5 bilhões de patrimônio líquido.
A principal diferença, segundo a Valora, é a oportunidade de obter um melhor arranjo tributário, já que os FIDCs não estão sujeitos a cotas e têm imposto de renda de 15% no momento do resgate – e não taxas decrescentes dependendo do período, a partir de 22,5%, como outros ativos.
Com a resolução 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que trouxe novas regras e deveria otimizar esse tipo de fundo, os FIDCs passaram a poder adquirir cotas de outros FIDCs, que era seu mandato como FIC FIMs, segundo o CEO da Independent técnico, Daniel Pegorini.
A Valora atua como gestora independente desde 2005, totalizando R$ 16 bilhões sob gestão. A empresa é especializada em Crédito Privado de Renda Fixa, incluindo Fundos Abertos em Plataformas de Investimento, Fundos de Pensão, Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs), Fundos Imobiliários (FII) do Agronegócio (Fiagro) e Infraestrutura.
Veja detalhes em entrevista com Daniel Pegorini, CEO da Valora:
Investing.com – Quais as principais diferenças entre os fundos de crédito estruturados oferecidos que serão migrados e os FIDCs?
Daniel Pegorini – Na prática, os recursos migrados também serão convertidos em FIDCs. É importante destacar que, após a implementação da Instrução CVM 175 e da Resolução 5.111 do Conselho Monetário Nacional, os FIDCs poderão adquirir cotas de outros FIDCs. Ao compararmos os fundos migrados com os FIDCs “nome único”, identificamos uma vantagem competitiva significativa na diversificação dos ativos da carteira. Nossos fundos possuem aplicações em mais de 70 FIDCs, distribuídos entre diversas teses de investimento, como Multicedente Multisacado, Consignado Público, Consignado Private, Clientes, Fornecedores, entre outros. Dessa forma, destacamos nossa vantagem em termos de diversificação de portfólio.
Na perspectiva dos cotistas, vale ressaltar que os produtos beneficiarão de significativa eficiência tributária, uma vez que o fundo deixará de estar sujeito ao regime semestral de come-share, passando a ser aplicada a alíquota de 15% do imposto de renda apenas no resgate dessas estruturas.
Como nossos fundos estruturados são compostos predominantemente por aplicações em outros FIDCs, optamos por esta migração, considerando que não haverá alterações no mandato ou na política de investimentos destes produtos.
Inv. com – Quais os principais riscos envolvidos nos FIDCs que devem ser acompanhados pelo investidor e por que, na opinião da Valora, o risco da carteira não é afetado?
Pegorini- Os FIDCs apresentam alguns riscos inerentes a essas estruturas, como risco de crédito, de liquidez, operacional, de governança e de fraude. Devido à natureza estruturada destes ativos, a análise e o monitoramento tendem a ser mais complexos e sofisticados. Portanto, é fundamental que os investidores saibam identificar gestores com histórico comprovado e experiência na análise e monitoramento desta classe de ativos.
Inv. com – Quantos fundos passarão por essa migração? Esse processo deve continuar?
Pegorini- Considerando as carteiras condominiais e exclusivas, 11 fundos passarão pelo processo de migração da modalidade, sendo convertidos de fundos de investimento em cotas multimercado para FIDCs. O processo de convocação de reuniões começou em junho e a migração de todos os fundos deverá ser concluída até janeiro de 2025.
Inv.com – Haverá alguma outra migração de ativos como esse para outro tipo de ativo disponibilizado pela Valora?
Pegorini- Estamos migrando todas as carteiras para a Instrução CVM 175, inclusive aquelas que não sofrerão mudança de modalidade, como fundos de pensão. Para estas estruturas, não haverá alteração na política de investimento.
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