Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – A moeda fechou quarta-feira perto da estabilidade frente ao real, após alternar altas e mínimas em diferentes momentos da sessão, com investidores em busca de pistas sobre o futuro das taxas de juros nos Estados Unidos e no Brasil.
A moeda norte-americana à vista fechou com leve queda de 0,07%, cotada a 5,4823 reais. Em agosto a moeda acumulou queda de 3,07%.
Às 17h03, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento subia 0,02%, a 5,4875 reais na venda.
Em um dia de agenda vazia no Brasil, investidores se voltaram nesta quinta-feira para o exterior em busca de indícios sobre a política monetária dos EUA.
Um relatório do Departamento do Trabalho dos EUA solidificou a expectativa de corte da taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro, ao mostrar uma redução de 818 mil empregos, ou 0,5% menos do que o inicialmente relatado, nos dados de criação de empregos no país de abril de 2023 para Março de 2024.
A acta da última reunião de política monetária da Fed, em Julho, divulgada à tarde, mostrou que as autoridades estavam fortemente inclinadas para um corte nas taxas de juro na sua reunião de Setembro e que várias delas estariam mesmo dispostas a reduzir as taxas imediatamente.
Neste cenário, os rendimentos do Tesouro caíram – especialmente entre os títulos de dois anos, que reflectem a política monetária de curto prazo. O dólar também caiu face às moedas fortes e à maioria das moedas emergentes.
No Brasil, porém, outros fatores deram algum suporte à moeda norte-americana frente ao real. Assim como no dia anterior, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de curto prazo caíram, com os investidores reduzindo as apostas de que o Banco Central aumentará a taxa básica Selic, atualmente em 10,50% ao ano, em setembro.
Uma Selic não tão alta, em tese, reduz a pressão baixista sobre o dólar – que na quarta-feira já havia feito a moeda norte-americana subir mais de 1% em relação ao real.
“Pela primeira vez temos redução integral dos juros no exterior. E a nossa questão é que ainda há dúvidas sobre qual será a postura do Banco Central em relação a isso”, comentou Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos, lembrando que, apesar dos movimentos recentes, o mercado continua precificando um aumento no Selic em setembro.
Nesse cenário, o dólar à vista oscilou entre a mínima de 5,4625 reais (-0,43%) às 9h01, após a abertura, e a máxima de 5,5115 reais (+0,46%) às 14h21.
Profissionais ouvidos pela Reuters chamaram a atenção para o fato de que, apesar das mudanças de sinalização, o dólar operou dentro de margens relativamente estreitas, sem forças para voltar a 5,40 reais ou permanecer acima de 5,50 reais.
“O que poderia trazer uma mudança maior nos preços é se o Fed cortar 50 pontos-base em setembro, e não 25, ou se o BC realmente aumentar a Selic”, acrescentou Massote.
Até lá, as atenções estarão centradas no discurso da próxima sexta-feira do presidente da Fed, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, com os investidores à procura de pistas sobre a dimensão do corte das taxas de juro nos EUA.
Às 17h10, a moeda – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 0,19%, a 101,190.
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