Dólar amplia perdas com retomada da normalidade nos mercados globais Por Reuters

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) – A moeda caiu frente ao real nas primeiras negociações desta quarta-feira, ampliando as perdas do dia anterior, à medida que os investidores globais deixaram de lado os temores de uma recessão nos Estados Unidos e voltaram a buscar ativos mais arriscados, desencadeando uma recuperação no mercados.

Às 9h38, o dólar à vista caía 0,61%, a 5,6244 reais na venda. Na B3 (BVMF), o contrato de primeiro vencimento caía 0,33%, a 5.654,5 reais na venda.

Na segunda-feira, o dólar à vista fechou a terça com queda de 1,44%, cotado a 5,6588 reais.

Esta manhã, os mercados globais continuaram a regressar à normalidade após as quedas generalizadas dos índices de ações e das moedas dos mercados emergentes na segunda-feira, alimentadas pelas preocupações dos agentes financeiros sobre uma recessão nos EUA, o que levou a uma grande aversão ao risco.

Outro factor das perdas nos mercados emergentes, o iene tinha registado grandes ganhos em relação ao dólar na última semana, depois de o Banco do Japão ter aumentado a sua taxa de juro na semana passada, com os comerciantes a apostar em aumentos ainda maiores nos custos dos empréstimos, o que levou a a reversão de operações de carry trade com .

Esses dois elementos de crescimento do dólar no Brasil perderam força nesta sessão.

No caso dos temores sobre a economia norte-americana, os investidores passaram a observar dados mais otimistas vindos do país, como a expansão do setor de serviços, além de discursos tranquilizadores de um funcionário do Federal Reserve.

A moeda japonesa, por sua vez, começou a recuar acentuadamente face ao dólar esta quarta-feira, na sequência de declarações de um importante responsável do Banco do Japão que minimizou as perspetivas de novos aumentos das taxas de juro do país no curto prazo.

O vice-presidente do banco central japonês, Shinichi Uchida, disse que a autoridade monetária não aumentará as taxas de juros quando os mercados estiverem instáveis, acrescentando que a intensa volatilidade do mercado durante a semana passada poderia “obviamente” mudar a trajetória das taxas de juros.

O dólar subia 1,87% em relação ao iene, a 147,00.

“Hoje é um dia de um pouco mais de tranquilidade depois da alta volatilidade que vimos nos últimos dias”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

“Os mercados estão mais calmos após uma declaração do Banco do Japão dizendo que deveria manter uma política monetária mais frouxa devido à volatilidade do mercado”, acrescentou.

Como resultado, o dólar recuou face a uma vasta gama de moedas emergentes, tais como , o e .

No cenário nacional, o mercado ainda refletia a ata da última reunião de política monetária do Banco Central, na qual as autoridades sinalizaram que não hesitarão em aumentar a taxa de juros em favor da convergência da inflação se considerarem apropriado.

Essa perspectiva mais “hawkish” do BC, somada às apostas do Fed na redução dos juros, que ampliaria o diferencial de juros entre Brasil e EUA – em tese, positivo para o real –, também favoreceu a queda do dólar .

Os investidores projectam que o banco central dos EUA fará um corte de 0,5 pontos percentuais na sua próxima reunião, em Setembro.

“A ata do Banco Central foi muito dura, mostrando mais uma vez comprometimento e atenção aos movimentos ligados à inflação”, disse Massote.

Para aumentar as preocupações com o nível de aumento de preços, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informou anteriormente que o IGP-DI acelerou sua alta mais do que o esperado em julho, principalmente devido ao aumento dos preços das commodities agrícolas e minerais para os produtores.

O valor subiu 0,83% em julho, após alta de 0,50% no mês anterior, acima da expectativa de pesquisa da Reuters de aumento de 0,69%. O resultado fez com que o índice subisse 4,16% em 12 meses.

Na sexta-feira, o mercado analisará os dados do IPCA de julho, com analistas esperando alta de 0,35%, ante alta de 0,21% no mês anterior.

O – que mede o desempenho da moeda dos EUA em relação a uma cesta de seis moedas – subiu 0,19%, para 103,180.