A Fluxus, subsidiária de petróleo e gás do grupo J&F, está prospectando negócios na Venezuela de olho nos grandes reservatórios do país, disse o presidente da empresa, Ricardo Savini, ex-presidente da 3R Petroleum (BVMF), que participou da manhã nesta terça-feira, 6, do Rio Energy Forum, promovido pela S&P Global.
“No curto prazo não há o que falar da Venezuela. Mas já estamos lá. Já temos escritório, estamos prospectando, mas nada que possamos divulgar. Temos gente trabalhando, as oportunidades existem, mas no médio prazo . As reservas são gigantescas, tem muito petróleo. Precisam de apoio da iniciativa privada”, disse Savini, após apresentação no evento.
Segundo ele, apesar da turbulência política devido às eleições presidenciais, que impede o Fluxus de fazer planos de curto prazo, a presença de grandes empresas no país vizinho, como Chevron (NYSE:) e Shell (NYSE:), entre outras, mostra que há espaço para o setor privado, sempre em parceria com a estatal local, PDVSA.
“O meio ambiente é complexo do ponto de vista político, por tudo que está acontecendo, do ponto de vista político interno na Venezuela. Mas é o que eu digo, um problema que eles não têm é a ausência de hidrocarbonetos”, brincou Savini, que diz ter facilidade para entrar no país dominado pelo chavismo porque já morou na Venezuela e tem até duas filhas venezuelanas. “Não há nada difícil para mim falar lá”, disse ela.
Bolívia
Na Bolívia, a Fluxus tem planos de investir US$ 100 milhões até 2028 na busca de abastecimento das usinas térmicas do grupo no Brasil, administradas pela Âmbar Energia. Savini aposta no esgotamento da atual regulamentação boliviana para exploração de petróleo e gás, na qual o governo retém cerca de 90% da produção, e vê disposição política para mudanças.
“Apostamos que o modelo econômico boliviano chegou ao fim, eles têm que fazer alguma coisa. Aí estou me referindo ao setor de gás, eles precisam mudar a lei. as empresas estão aí”, explicou Savini. Os estimados US$ 100 milhões serão destinados a áreas já adquiridas pelo Fluxus no país.
Na avaliação de Savini, a Bolívia poderia pelo menos reduzir a parcela destinada ao governo boliviano, que varia de 60% (campos pequenos) a 92% (campos mais produtivos). “Há muitos impostos, mas no final das contas, 8% vão para o setor privado. E isso não é sustentável”, disse ele.
A Bolívia alterou a lei que rege a exploração e produção de petróleo e gás no país em 2006, durante o primeiro mandato de Evo Morales, o que levou as petrolíferas que ainda operam no país vizinho a se tornarem prestadoras de serviços. Por isso deixaram de investir em novas descobertas e o volume de reservas provadas está diminuindo, abrindo espaço para a concorrência da Argentina no abastecimento do Brasil.
Apesar do otimismo com a mudança na lei na Bolívia, Savini estima que as mudanças levarão pelo menos dois anos para se concretizarem.
“Mas o governo (boliviano) está se mostrando aberto. Existem várias alternativas para reduzir a participação governamental em cada molécula, e tem muito gás, é um país com potencial gasoso muito alto”, disse Savini.
Também atuante na Argentina, no ano passado a Fluxus comprou blocos da Pluspetrol em Neuquén, região com grande produtividade de gás natural. O objetivo, assim como as intenções na Bolívia, é levar 15 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia às termelétricas da Amber no Brasil.
Brasil
Savini explicou que investimentos para produção de gás natural no Brasil estão fora de questão. “Tudo o que tinha que ser vendido foi vendido. Quem comprou não está vendendo”, disse ela. Segundo ele, além da falta de ofertas, o volume de reservas nos países vizinhos é muito maior do que no Brasil.
“O gás não convencional em terra aqui (Brasil) é muito pior que o gás argentino e é muito pior que o gás boliviano em termos de produtividade. Além disso, haveria um imbróglio jurídico”, afirmou.
Também está descartada a exploração da nova fronteira brasileira na Margem Equatorial para o Fluxus, assim como uma possível aposta na Guiana, onde foram encontrados reservatórios relevantes.
“Na Guiana é uma grande briga, e na parte brasileira, se a Petrobras (BVMF:) não conseguir perfurar, não será uma pequena empresa que o fará. No nosso entendimento, o risco geológico da Margem Equatorial ainda é acima do risco geológico de outras regiões da América Latina”, explicou.
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