Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O otimismo trazido pelo anúncio do governo de congelamento de gastos foi diluído durante a sessão desta sexta-feira, o que fez com que o preço à vista fechasse o dia em alta, novamente acima de 5,60 reais, em meio à persistente desconfiança em relação ao mercado brasileiro política fiscal e a valorização da moeda norte-americana no exterior.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,6046 reais na venda, alta de 0,28%. Numa semana marcada pelo aumento da percepção de risco fiscal, a moeda norte-americana acumulou um ganho de 3,20%.
Às 17h04, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento subia 0,95%, a 5,6130 reais na venda.
A moeda spot norte-americana registrou a menor cotação do dia na abertura dos negócios, às 9h01, quando foi negociada a 5,5215 reais (9h01). A pressão baixista refletiu o anúncio no final da tarde de quinta-feira, quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo fará uma redução de 15 bilhões de reais no Orçamento deste ano para atender às exigências do quadro fiscal.
Segundo ele, serão bloqueados 11,2 bilhões de reais para respeitar o limite de gastos públicos para este ano. Outros 3,8 bilhões de reais serão contingenciais para que o resultado primário projetado para o ano fique dentro da faixa de tolerância da meta fiscal.
O dólar de agosto negociado na B3 já havia caído na véspera antes das 18h (quando o segmento à vista já está fechado) devido ao anúncio de Haddad e, portanto, sua queda na manhã de sexta foi mais contida – foi a moeda à vista que se ajustou com uma declínio maior.
Ao longo da sessão, porém, outros fatores fizeram o dólar voltar a ganhar força frente ao real. A moeda norte-americana subiu em relação à maioria das outras moedas no exterior, incluindo pares de moedas em relação ao real, como o eo. Os rendimentos do Tesouro também subiram, apoiando o dólar.
“Tivemos uma abertura refletindo um alívio no risco fiscal… Tivemos um alívio específico por uma questão local. E aí nos alinhamos lá fora”, comentou o diretor da consultoria cambial FB Capital, Fernando Bergallo, ao discutir o fortalecimento do dólar frente ao real durante o dia.
Outro fator que deu força ao dólar foi a avaliação, muito presente no mercado, de que os 15 bilhões de reais congelados estão longe de resolver a questão fiscal e impedir a expansão da dívida pública.
Nesse cenário, o dólar atingiu máxima de 5,6071 reais (+0,33%) às 16h49, próximo ao encerramento da sessão.
Pela manhã, profissionais do mercado também citaram uma entrada de dólares pelo mercado spot no Brasil, o que teria pesado nos preços. O fluxo viria de investidores estrangeiros que participarão da privatização da Sabesp (BVMF), avaliada em 14,8 bilhões.
Pela manhã, o Banco Central vendeu em leilão todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento em 2 de setembro de 2024.
No exterior, o dia foi negativo, com as bolsas de Nova Iorque em mínimos firmes, o dólar a subir face à generalidade das moedas e a curva de juros norte-americana a abrir-se, numa sessão marcada por uma falha tecnológica global.
Às 17h17, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – subia 0,23%, para 104,380.
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