Dólar fica estável ante real, acima de R$5,40, apesar de IPCA favorável Por Reuters

Por Fabrício de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – A taxa à vista fechou quarta-feira estável em relação ao real, ainda acima de 5,40 reais, após ter oscilado abaixo desse nível pela manhã, com a taxa de câmbio reagindo positivamente a dados de inflação melhores que o esperado no Brasil.

A moeda norte-americana à vista encerrou a venda a 5,4132 reais, com variação negativa de 0,01%. Em 2024, a moeda acumula alta de 11,58%.

Às 17h03, na B3 (BVMF:) o contrato de primeiro vencimento caía 0,17%, a 5,4255 reais na venda.

O destaque do dia foi a divulgação do IPCA – índice oficial de inflação do Brasil – no início da sessão.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o indicador subiu 0,21% em junho, após subir 0,46% no mês anterior. Nos 12 meses até junho, o IPCA aumentou 4,23%, ante alta de 3,93% no mês anterior.

Pesquisa da Reuters mostrou que as expectativas dos analistas eram de alta de 0,32% em junho e alta de 4,35% em 12 meses.

Os dados de inflação melhores que o esperado abriram espaço para queda constante das taxas DI (Depósitos Interbancários) e para o recuo do dólar frente ao real. Às 9h55, sob influência do IPCA, o dólar à vista atingiu cotação mínima de 5,3724 reais (-0,77%).

Pela manhã, porém, o dólar recuperou parte da força, aproximando-se novamente da estabilidade, com alguns investidores realizando lucros e se reposicionando quando os preços chegaram a 5,40 reais.

Um profissional ouvido pela Reuters destacou que, depois das recentes quedas, não havia mais muito espaço para o dólar continuar caindo. Ele lembrou que desde a última quarta-feira, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e a política monetária, o dólar vem se afastando do pico de 5,70 reais.

No pico desta quarta-feira, às 14h33, o dólar à vista era cotado a 5,4277 reais (+0,25%).

“Temos que ter algum evento mais consistente no mercado, como a redução dos juros nos Estados Unidos, para o dólar cair ainda mais”, corroborou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Até lá, o dólar continuará testando resistência, e 5,40 reais é uma resistência forte.”

No exterior, os investidores prestaram atenção ao segundo dia do depoimento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ao Congresso dos EUA.

No seu discurso Powell disse que ainda não está pronto para concluir que a inflação nos EUA esteja a cair de forma sustentável para 2%, meta perseguida pela instituição, mas afirmou ter “alguma confiança nisso”. O presidente do Fed também disse que a inflação caiu, mas os preços ainda estão elevados.

Às 17h08, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas – caía 0,09%, para 105,020.

Pela manhã, o Banco Central vendeu em leilão todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento em 2 de setembro de 2024.

À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial negativo total de 840 milhões de dólares em julho até o dia 5, com saída líquida de 1,465 bilhão de dólares pela rota financeira e entrada de 625 milhões de dólares pela rota comercial.