Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – Após dois dias de fortes quedas, a moeda sustentou ganhos frente ao real nesta sexta-feira, em uma semana marcada pela desconfiança do mercado com as contas públicas e pelas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à política monetária, que foram amenizadas em sessões recentes.
Às 10h22, o dólar à vista subia 0,32%, a 5,5041 reais na venda. Na B3 (BVMF), o contrato de primeiro vencimento subiu 0,31%, a 5,5160 reais na venda.
Nas duas sessões anteriores, a moeda norte-americana registou ganhos acumulados ao longo de várias sessões marcadas por preocupações dos investidores quanto ao compromisso fiscal do governo e ao futuro da política monetária nacional.
Na terça-feira, o dólar chegou a 5,70 reais e atingiu seu maior valor de fechamento desde 10 de janeiro de 2022, a 5,6665 reais, em meio aos ataques de Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e à desconfiança do mercado no equilíbrio fiscal.
Mas desde quarta-feira, com a mudança de tom de Lula, que reafirmou a responsabilidade pelas contas públicas e pelo cumprimento do quadro fiscal, a taxa de câmbio conheceu alívio.
Na quinta, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4863 reais na venda, queda de 1,49%.
No cenário externo, os investidores refletiram nesta sexta-feira sobre dados que mostraram moderação no mercado de trabalho nos Estados Unidos, o que aumenta o otimismo sobre o início de um ciclo de flexibilização monetária por parte do Federal Reserve.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou na sexta-feira que 206 mil empregos foram criados no país em junho, acima das expectativas dos analistas da Reuters de 190 mil empregos, mas abaixo do número de maio.
O número de vagas para maio ainda foi fortemente revisado para baixo, para 218 mil, dos 272 mil relatados anteriormente. A taxa de desemprego aumentou modestamente para 4,1% este mês, de 4,0% no mês anterior.
Quando conjugado com a moderação dos preços em Maio, o relatório confirmou que a tendência desinflacionista está de volta ao bom caminho após o aumento da inflação no primeiro trimestre, o que também poderá aumentar a confiança dos responsáveis da Fed relativamente às perspectivas de inflação.
Os traders aumentaram ligeiramente as apostas em cortes nas taxas do Fed em setembro e dezembro, após a divulgação dos dados.
Quanto mais o banco central dos EUA corta as taxas de juro, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos do Tesouro caem.
“O dólar está caindo globalmente, principalmente em relação à cesta de moedas fortes. Hoje há um ajuste pós-feriado nos EUA, e também naturalmente a folha de pagamento, índice mais importante da agenda da semana”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Às 10h17, o índice – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta ponderada de seis moedas – caía 0,19%, para 104,960.
(Edição de Camila Moreira e Fabrício de Castro)
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