O anúncio de corte de gastos de quase R$ 26 bilhões nas contas do governo em 2025, feito nesta quarta-feira, 3, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é bem recebido pelos investidores da Bolsa de Valores. Assim, o Ibovespa abriu em alta, ainda refletindo a alta de 1,70% em Dalian, na China, e sinais de vésperas de queda nas taxas de juros nos EUA em setembro. O alívio também se faz sentir nas taxas de juros futuras.
A moeda americana abriu na casa dos R$ 5,50, na máxima intradiária, mas rompeu esse patamar e caiu para R$ 5,4668 (-1,70%) no mercado à vista. Assim, as taxas futuras caem, reduzindo, por enquanto, as chances de aumento da Selic em 2024.
Além dos sinais de que o Fed começará a cortar juros em setembro, na sequência dos dados divulgados na quarta-feira, o anúncio do corte do governo nas despesas discricionárias também é positivo, afirma Kevin Oliveira, sócio e conselheiro da Blue3. “O mercado só não andava porque eram só promessas. Eu queria algo eficaz em termos de corte de despesas. Com o anúncio, o fisco começa a olhar favoravelmente”, avalia.
Oliveira afirma ainda que os sinais de avanço na reforma tributária são bem vistos pelo mercado. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o primeiro projeto regulatório da reforma deverá ir para votação no plenário na próxima semana.
Na manhã desta quinta-feira, 4, o deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA) afirmou que a expectativa da Câmara é que o plenário vote, na próxima terça-feira, um pedido de urgência para tramitar a regulamentação da reforma tributária, mas a decisão depende de Lira.
“O fato de Lira colocar o tema em discussão é muito bom, tende a começar a atrair capital estrangeiro para a Bolsa, que vem saindo”, acrescenta Oliveira, da Azul3.
Contudo, a valorização do principal indicador da B3 (BVMF:) é prejudicada pelo recuo no exterior e pela ausência das bolsas americanas, que estão fechadas devido ao feriado do Dia da Independência dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, as incertezas fiscais ainda não foram totalmente resolvidas.
“Não é porque fizeram esse anúncio que os números das contas públicas vão mudar. Mas a notícia é positiva e diminui a pressão. Porém, resta saber se serão implementados”, afirma Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença .
Outro ponto que pode dificultar uma forte alta do mercado é que ontem já houve uma reação positiva do mercado, em meio ao discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre responsabilidade fiscal. Lula garantiu que o Brasil “nunca” será irresponsável do ponto de vista fiscal e reafirmou seu compromisso com o marco fiscal.
Nesta quarta-feira, o Ibovespa subiu 0,70%, fechando aos 125.661,89 pontos. Sem os mercados dos EUA, espera-se que a liquidez seja ainda mais reduzida. Na quarta-feira, o faturamento totalizou R$ 21,6 bilhões.
Para a MCM Consultores, é importante o apoio de Lula a Fernando Haddad. Porém, a consultoria considera em seu relatório a dúvida se essas medidas serão suficientes para acalmar as expectativas em relação ao cenário fiscal.
“Estão na direção certa, mas os efeitos na trajetória das despesas são incertos, principalmente o corte nas despesas obrigatórias para 2025”, explica MCM.
Segundo a consultoria, questões relevantes para as contas públicas, como a política de aumento do salário mínimo e os pisos de gastos com educação e saúde, não foram abordadas. Para implementar seu compromisso com o quadro fiscal nos próximos anos, o presidente Lula terá que aprovar medidas mais duras do lado das despesas, sugere a consultoria.
Às 10h58 desta quinta, o Ibovespa subia 0,54%, aos 126.285,34 pontos, ante alta de 0,79%, na máxima de 126.659,95 pontos, vindo de abertura em 125.665,59 pontos, também a mínima, com variação zero. Das 86 ações, apenas oito cederam. A maior queda foi do Prio (BVMF:)ON (-1,32%). A maior alta, por sua vez, foi da Vamos ON (BVMF:), com 5,08%. Entre as blue chips, a Petrobras (BVMF:) caiu entre 0,48% (PN) e 0,37% (ON). A Vale (BVMF:) passou a render (-0,17%). No caso dos grandes bancos, o aumento variou de 0,08% (Bradesco (BVMF:)PN) a 1,12% (Unit de Santander (BVMF:)).
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