Após forte avanço nas sessões anteriores, as taxas dos contratos de Depósito Interbancário (DI) registraram queda hoje, num movimento de realização e ajuste de posições que acompanhou a desvalorização da moeda, motivada em parte por rumores de potencial intervenção da Central Banco na taxa de câmbio e nas taxas de juros do Tesouro, após dados fracos sobre a economia dos Estados Unidos. Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda Fernando Haddad também contribuíram para o movimento.
Jefferson Lima, gerente da mesa de reais e juros da CM Capital, destaca que hoje houve fatores externos e internos que contribuíram para a queda dos juros futuros.
No exterior, os dados mostraram um aumento maior que o esperado nas solicitações semanais de seguro-desemprego nos Estados Unidos e uma piora maior que o esperado na atividade do setor de serviços do país em junho. Além disso, as encomendas para a indústria norte-americana contrariaram as expectativas e caíram em maio.
Todos os dados ajudaram a aumentar a aposta numa redução das taxas de juro por parte da Reserva Federal, o que se refletiu nas taxas do Tesouro, que caíram esta quarta-feira durante negociações abreviadas nos Estados Unidos devido à proximidade do feriado do Dia da Independência do país, comemorado amanhã.
No âmbito interno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou novas críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e reforçou, junto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o compromisso do governo com o ajuste fiscal, retirando parte do o dos receios do mercado sobre a falta de unidade do Planalto no apoio ao equilíbrio das contas públicas.
Vinícius Romano, chefe de renda fixa da Suno Research, disse que a ausência de declarações de Lula criticando o Banco Central ajuda porque o conflito ganhou notoriedade entre os investidores estrangeiros, algo evidenciado pelas perguntas feitas ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto, em um evento em Portugal ontem. “O mundo já sabe disso, está observando”, disse ele.
A movimentação das taxas DI hoje, porém, está mais relacionada a um ajuste de posições. Lima destaca que a alta do dólar e do DI nas sessões anteriores acionou ordens de stop loss que acentuaram o movimento de alta, e agora o mercado devolve parte desse avanço.
Lucas de Caumont, gestor de investimentos e sócio da Matriz Capital Asset, reforça a leitura do ajuste nas posições dos investidores como elemento que justifica a queda das taxas. Segundo ele, o mercado estava “muito estressado”, mas talvez tenha ido longe demais e precisasse de uma correção. “Os jogadores precisam liquidar uma peça para proteger a posição montada. Tanto no dólar quanto no DI estamos vendo isso”, afirmou.
Mesmo com a queda dos juros futuros hoje, a curva DI ainda precifica um aumento da taxa básica de juros, a Selic, até o final deste ano. Os especialistas, no entanto, recomendam olhar para esta estimativa com cautela, dada a recente instabilidade do mercado.
A taxa do contrato DI para janeiro de 2025 caiu para 10,690%, de 10,785% no reajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2026 caiu para 11,515%, de 11,705%. A taxa para janeiro de 2027 caiu para 11,815%, de 12,020%, enquanto a taxa contratual para janeiro de 2029 caiu para 12,175%, de 12,371%.
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