O Grupo Pão de Açúcar (BVMF:) (GPA) encerrou, com a venda de seus postos de combustíveis, a promessa de vender ativos que não eram essenciais ao negócio. A empresa caminha para uma nova fase, com mudanças relevantes inclusive na sua estrutura societária, que já estão refletidas nas cadeiras do Conselho de Administração. No total, a venda de ativos totalizou R$ 1,9 bilhão nas contas do Itaú BBA.
Ao longo de 2023, a empresa concluiu a separação do Grupo Exito, vendeu imóveis dos quais se tornou inquilina e se desfez dos postos de combustíveis. O último movimento, a venda de 49 postos de combustíveis localizados no Estado de São Paulo, na semana passada, arrecadou R$ 200 milhões.
O processo é visto pelos analistas do Itaú BBA como fundamental para a reorganização da empresa. “Conforme escrevemos em nosso relatório de reinício da cobertura, melhorar a estrutura de capital da empresa foi um pilar fundamental do plano de recuperação do GPA”, diz o relatório.
Na mesma linha, o Bradesco BBI avalia que a última venda representou mais um anúncio estratégico positivo, acompanhando a monetização imobiliária e a negociação das contingências fiscais estaduais da empresa.
Para os analistas Felipe Cassimiro, Pedro Pinto, Renan Sartorio e João Andrade, os R$ 138 milhões a serem recebidos em 2024 devem ajudar a empresa a compensar as despesas financeiras, principalmente no novo cenário brasileiro de juros mais altos, em 10,50%, afirmam no relatório.
“Em suma, temos uma visão positiva sobre o desinvestimento de ativos não core, pois a empresa concentrará a sua força e atenção de gestão inteiramente no seu principal retalho alimentar”, conclui o Bradesco BBI.
Estrutura corporativa
Por outro lado, o GPA vive o processo de saída do seu antigo controlador francês, o Grupo Casino. Em março deste ano, a oferta de ações do GPA (follow-on) selou a saída do Casino do controle da varejista brasileira. Os franceses passaram a deter 22,5% da empresa após o aumento de capital de R$ 704 milhões. Anteriormente, a participação era de 40,9%.
Nesse processo, um dos maiores compradores individuais do papel foi o executivo Ronaldo Iabrudi, que já foi presidente do GPA e também participou do conselho do grupo. Atingiu 5,48% do total de ações da mesma classe.
Como consequência, nesta quinta-feira, dia 27, o Conselho de Administração da empresa decidiu, por recomendação do Comitê de Gestão, Gente e Sustentabilidade, eleger Iabrudi para o cargo de vice-presidente do Conselho.
As cadeiras do conselho são alvo de outros investidores que buscam posições relevantes na nova fase da varejista. Entre os que ocuparam cargos mais recentemente está o gestor da SPX.
No último trimestre, a companhia apresentou redução de R$ 700 milhões na dívida líquida com redução de 0,8x na alavancagem em relação ao trimestre imediatamente anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da rede, por sua vez, foi de R$ 404 milhões, um aumento de 39% (considerando apenas a operação brasileira, sem impactos internacionais) e um prejuízo líquido de R$ 87 milhões (em operações que continuam), com melhoria de 68% no resultado negativo em relação ao ano anterior.
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