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O governo boliviano anunciou nesta quinta-feira (27) a prisão de 17 pessoas ligadas à tentativa de golpe de estado ocorrida nesta quarta.
Anteriormente, o ministro do governo boliviano, Eduardo del Castillo, anunciou que cerca de 10 soldados envolvidos haviam sido detidos.
Ele disse que a polícia estava trabalhando para desmantelar uma “rede antidemocrática” que tentava quebrar a ordem constitucional.
— Temos informações suficientes para poder desmantelar toda essa rede antidemocrática, que era formada por um minúsculo grupo de soldados que tiveram a audácia de tentar tomar o poder pela força com metralhadoras, com veículos — disse Del Castillo.
Também esta quinta-feira, a ONU apelou a uma investigação “exaustiva e imparcial” às acusações de atos de violência em torno do golpe fracassado na Bolívia e solicitou “julgamentos justos” para os detidos. A tentativa de golpe agravou a tensão no país andino, que enfrenta um declínio económico prolongado.
General Juan José Zuniga foi preso horas depois da tentativa de golpe militar na Bolívia — Foto: Daniel Miranda/AFP
O general Juan José Zuñiga, identificado como responsável por uma tentativa de golpe de Estado na Bolívia, foi preso na noite de quarta-feira. A prisão foi ordenada pela Procuradoria-Geral do país. Ao ser capturado, o ex-comandante das Forças Armadas acusou, sem provas, o presidente Luis Arce de encenar um “autogolpe” para “aumentar a sua popularidade”.
Conforme publicado pelo El País, Zúñiga disse aos jornalistas que estava com o presidente no domingo, quando Arce teria reclamado que a situação era “muito complicada”. Segundo o general, o presidente propôs “montar alguma coisa” para aumentar a popularidade. Zúñiga afirmou ter questionado se deveriam ser utilizados veículos blindados e o chefe de Estado deu um sinal positivo.
Enquanto Zúñiga era preso, segundo imagens da televisão estatal, o vice-ministro do governo, Jhonny Aguilera, declarou: “Você está preso, meu general!” O ex-comandante cercou durante horas o palácio presidencial com tropas e veículos blindados. Afirmou que “a mobilização de todas as unidades militares” procura expressar a sua insatisfação com a situação do país.
– Suficiente. Não pode haver tal deslealdade – afirmou, acrescentando que continua a obedecer ao presidente Arce “por enquanto”, mas que tomará medidas para “mudar o Gabinete do governo”.
Arce apelou aos bolivianos para se mobilizarem contra uma tentativa de “golpe de Estado” e nomeou um novo comando militar horas depois de apelar ao respeito pela democracia ao denunciar “mobilizações irregulares” de militares em frente ao Palácio Queimado, sede presidencial em La Paz , na Praça Murillo.
Em meio à movimentação de tropas, Arce anunciou o general José Wilson Sánchez Velázquez como o novo comandante das Forças Armadas, sucedendo ao general José Zúñiga.
Golpe fracassado
Ao tomar posse, Sánchez ordenou que as tropas retornassem ao seu quartel, que procederam à desmobilização da praça.
A tentativa de golpe foi condenada por todo o espectro político boliviano e pela comunidade internacional. Em nota, o governo brasileiro condenou, “nos termos mais veementes”, a tentativa de golpe com a mobilização irregular de tropas do Exército “em clara ameaça ao Estado democrático de direito no país”.
Depois das 17h na Bolívia (18h em Brasília), Arce fez um pronunciamento da Casa Grande do Povo, prédio adjacente à sede do governo, para transmitir uma mensagem de união e tranquilidade à população.
Ao lado dos seus ministros e do vice-presidente David Choquehuanca, enfatizou a necessidade de “apaziguar os apetites inconstitucionais”.
— Apelamos ao povo boliviano para que se mobilize e mantenha a calma contra o golpe de Estado, em favor da democracia — disse Arce. — Todos juntos derrotaremos qualquer tentativa de golpe.
Mais tarde, depois que os militares começaram a deixar a praça, Arce falou para centenas de seguidores na varanda do palácio presidencial. Afirmou que “ninguém pode tirar a democracia que alcançámos” e que “temos a certeza que continuaremos a trabalhar”. Ao ordenar o regresso das tropas aos seus quartéis, o novo comandante militar nomeado por Arce disse que “o General Zúñiga foi um bom comandante e pedimos-lhe que não derrame o sangue dos nossos soldados”.
— Estejamos cientes de que o governo legalmente constituído permanece, de acordo com as regras do Estado — disse Sánchez.
No início do levante na Plaza Murillo, o general Zúñiga, no cargo desde novembro de 2022, alertou que não permitiria uma possível nova candidatura em 2025 do ex-presidente Evo Morales (2006-2019). Antes de entrar num veículo blindado, declarou que “as Forças Armadas pretendem reestruturar a democracia para que seja uma verdadeira democracia, e não de proprietários que estão no poder há 30 e 40 anos”.
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